A data de 19 de dezembro de 2003

“Ela é um marco. Fruto do trabalho, dedicação e renúncia dos paranistas que nos antecederam.” (Odebal Bond Carneiro)

Era 17 de junho de 2003 quando acorri ao centenário Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, ali na José Loureiro, para assistir a uma palestra do velho amigo, liceano como eu, como parte das comemorações do Sesquicentenário da Emancipação Política do Paraná.

De relance, surgiram as recordações que remontavam ao ano de 1939, quando, menino ainda, meu saudoso pai matriculou-me no antigo Liceu Rio Branco, de onde só sairia em 1946, para ingressar na Faculdade de Direito da Universidade do Paraná, depois federalizada.

Aluno interno, desfrutei do convívio carinhoso da família Bond Carneiro, cujo chefe, dr. Annibal Borges Carneiro, era o diretor rigoroso, disciplinador, mas amigo.

Sua esposa, d. Odette, carinhosa e afetiva, dedicava grande atenção aos mais jovens, já que seus três filhos, Odebal, Annibal e Odetinha, igualavam-se em idade aos menores, entre os quais me incluía.

Foram anos felizes, certo que me adaptara, perfeitamente, ao regime de internato, mantendo, depois, grande amizade à família, notadamente ao primogênito.

Daí o regozijo pela oportunidade de rever e ouvir Odebal, sob tema importante, qual seja, “O desenvolvimento econômico e social do Paraná”, que o presidente do Conselho Nacional do Senac do Paraná deu à lume em bem preparado opúsculo, com a resumida justificativa de que, “no dia em que recebemos cópia desta palestra, já percebemos a importância e a riqueza de seu conteúdo. Foi impossível, por isso, deixá-la restrita à sua leitura. É, pois, um depoimento do testemunho de um paranaense ilustre, construtor, como tantos outros vultos valiosos, da história do Paraná, da nossa história!”

Na realidade, Odebal, cujo nome é formado pela primeira sílaba do nome de sua mãe (ode) e a última do seu pai (bal), louvou-se nos conhecimentos adquiridos na cátedra de “Estudos dos Problemas Brasileiros” e de ampla pesquisa, por sete longos meses, com apelo a tratadistas eméritos, como David Carneiro, Temístocles Linhares e Ruy Wachowicz, para só citar estes, produzindo um trabalho digno de figurar nas melhores bibliotecas.

A obra aborda, com rara oportunidade e felicidade, o início do desenvolvimento do nosso Estado e os ciclos verificados, como o do tropeirismo, da erva-mate, da madeira, do café, da agroindústria, com ênfase ao milho e soja e, por fim, o da industrialização.

Não há negar que bem poucos conhecem a história do Paraná, que padece de maior e melhor divulgação, inobstante o empenho de certas entidades, a exemplo do Movimento Pró-Paraná.

O contributo de Odebal Bond Carneiro é, portanto, de extremo valor, ainda porque o Sesquicentenário do Paraná mereceu ampla comemoração.

Impossível, nesta modesta crônica, a análise detalhada do conteúdo da palestra, transformada em livro.

Sinto-me rejubilado em ver antigo liceano brilhar no estudo do Paraná, rica província que o baiano Zacarias de Góes e Vasconcellos instalou em 19 de dezembro de 1853.

Que sirva de estímulo para que paranaenses e paranistas perlustrem e conheçam melhor a nossa história!

O Paraná reclama por divulgação ampla e irrestrita de sua cultura!

Luís Renato Pedroso – desembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná e vice-presidente do Movimento Pró-Paraná.

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