O irmão mais velho

?Acontece nas melhores famílias?. A constatação é de todos conhecida e serve de escusa para deslizes ou defeitos que a gente gostaria de ignorar. Mas é impossível ignorar quando acontece na família do presidente da República e se trata de tráfico de influência, suspeita de tráfico de influência ou tráfico de influência frustrado. Mas um desses problemas lança sobre os Silva uma acusação que é impossível deixar de investigar, mesmo sendo desagradável até cogitar. Toda família tem um filho pródigo, mas Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho de Lula, é por este apontado como o melhor da família. E ainda descrito como um homem que gosta de ajudar todo mundo. Desinteressadamente, supõe-se.

Falando da Índia, Lula admitiu que se a Polícia Federal incluiu seu irmão na lista dos suspeitos de negociatas com máquinas de bingos, deve curvar-se às imposições da lei e, como chefe da Nação, só pode apoiar o organismo de segurança. Isso, mesmo não acreditando que qualquer coisa possa ser descoberta contra Vavá. Tal posicionamento do presidente merece elogios.

Mas a segunda notícia sobre as implicações de Vavá são intrigantes. Segundo a Polícia Federal, ele vendia favores, mas não entregava. Seria tentativa de tráfico de influência ou recebia dinheiro dos interessados em favores de órgãos públicos, embolsava e nem sequer tentava pagar os compradores com os favores prometidos? Segundo a polícia, ele recebia quantias que variavam de R$ 2.000,00 a R$ 3.000,00 do empresário de jogos Nilton Cezar Servo, preso na Operação Xeque-Mate. O dinheiro era obtido mediante promessas de benefícios e vantagens em órgãos governamentais. Quais, a polícia ainda não disse. Mas ficava tudo nas promessas e no dinheiro embolsado. Vavá não conseguia atender os pedidos.

Para nós, brasileiros, que temos uma ampla noção de como viceja a corrupção neste País, é difícil acreditar. Das duas uma: se embolsava o dinheiro e o benefício escuso não saía, ou ele não fazia mais do que dar a sua mordida, nem sequer contatando o órgão ou pessoa de quem se pretendia o benefício; ou valores são gorjetas ?merrebas? incapazes de fazer alguém se mexer para fazer favores ilegais e até mesmo legais.

De outro lado, é bom que se considere que se Vavá pegava o dinheiro e não usava o seu suposto prestígio, como irmão do presidente Lula, para ajudar os criminosos e contraventores, pode ser que isso seja resultado da incorruptibilidade do atual governo. Não é o que outros fatos investigados e muitos já provados dizem, mas sempre é bom deixar o presidente isento e seu governo acima de suspeitas, até que Vavá seja finalmente inocentado ou condenado. Mas, se condenarem, não será só mais um escândalo, este de proporções imensas por envolver o irmão do presidente da República. Será uma novidade que deixará uma marca indelével na nossa história. Nunca, neste País, um caso de corrupção ativa ou passiva de pessoas de prestígio político ou parentes de quem tem esse lauréu resultou em condenação e punição.

O caso que agora a Polícia Federal conta sobre Vavá tem pontos ainda não revelados e a nossa tendência é lamentar, ao invés de ranger dentes. Mas ninguém pode esquecer que o Silva mais velho da família de Lula já tem processo tramitando por manter, em São Bernardo do Campo, um escritório que serviria para receber pedidos de intervenções junto a órgãos do governo em benefício de amigos. Amigos pagantes.

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