O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está diante de um impasse: fazer com que o governo conceda a licença ambiental para o início das obras físicas das usinas hidrelétricas Jirau e Santo Antônio, projetadas para o curso do Rio Madeira, porém, amaciando a controvérsia entre os ministros Silas Rondeau, das Minas e Energia, e Marina Silva, do Meio Ambiente, que têm enfoques diferentes sobre a questão.
Marina Silva, com a projeção internacional sedimentada pela firmeza de sua atuação em defesa do patrimônio natural, sobretudo na Amazônia, é uma das gratas revelações do governo Lula, querida e respeitada pelo presidente, que dificilmente assumiria uma posição conflitante com a eficiência até aqui demonstrada pela ministra na execução das políticas públicas para o meio ambiente.
Ocorre que o presidente também sofre o assédio do setor desenvolvimentista do governo, aliás, ideal compartilhado com denodado empenho pelo próprio Lula, sem dúvida o maior entusiasta do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), cuja finalidade precípua é colocar definitivamente a economia nacional nos trilhos do crescimento.
A hipótese que mais desagrada o chefe do governo, nesse momento, é pender para um dos lados da balança e desagradar o outro. A solução mais adequada para os mais familiarizados com os métodos do Palácio do Planalto estaria no deslocamento do delegado Paulo Lacerda, atual diretor-geral da Polícia Federal, para a superintendência do Ibama, a fim de implantar o processo de divisão das atribuições da referida instituição, normatizando as ações de preservação e fiscalização.
O ministro Tarso Genro, superior hierárquico de Lacerda, não foi simpático à idéia da transferência imediata, argüindo a importância da permanência do diretor-geral da PF no cargo, sobretudo para o melhor desfecho das Operações Têmis e Furacão, nas quais seu comando foi exponencial.
Voltando ao licenciamento ambiental das usinas, o MME solicitou aos construtores relatórios mais detalhados sobre os impactos na vazão das águas e na reprodução dos grandes peixes. O que levou o presidente da República a afirmar que até os bagres do Madeira estavam desabando em seu colo…
