O homem no divã

Do homem sempre se espera uma atitude de força e dominância, porém a angústia gerada por esse padrão causa-lhe desajustes sociais e psicológicos.

Primeiro, porque os que se enquadram no comportamento tipicamente másculo têm dificuldades no trato com as mulheres, pois sua força e brutalidade são muito mais valorizadas por outros homens. Segundo, porque os que se enquadram apenas medianamente são perturbados pela constante insegurança de nunca atingirem o padrão idealizado. E, finalmente, porque aqueles que não se enquadram acabam vendo na homossexualidade uma forma de se relacionarem, ainda que na condição de oposto, com o mesmo padrão de masculinidade.

Assim, o homem está fadado a reflexões neuróticas como: sou homem o bastante? Meu pênis é suficientemente grande? Trata-se de uma busca sem fim por ser o maior e o melhor em tudo. E o estresse desse anseio está representado por duas fantasias típicas do imaginário masculino: sexo anal (que é o desejo inconsciente pela inversão) e o ?voyerismo?; da homossexualidade feminina (que é a projeção homossexual sem o indesejado comprometimento). Vê-se, portanto, que essas fantasias são somente metáforas da inadequação do homem diante do seu papel único de macho-dominante. Entretanto, nunca é demais lembrar que fantasias sexuais visam suprir necessidades psíquicas e não sexuais propriamente. Portanto realizá-las não significa resolvê-las.

A trama é complicada porque ser homem resulta da combinação entre instinto, meio social e psiquê. Por isso, confiná-lo a um único padrão comportamental é, sem dúvida, negar toda a complexidade da condição humana.

Djalma Filho é advogado.

djalma-filho@brturbo.com.br

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo