O Grande Circo Místico ganha reedição

De todas as belezas da parceria de Chico Buarque e Edu Lobo, a trilha do balé "O
Grande Circo Místico" é a que melhor reúne os componentes dignos de obra-prima.
Baseada no poema homônimo de Jorge Lima e escrita para o Balé do Teatro Guaíra,
de Curitiba, a trilha perpetrou clássicos da moderna MPB, como "Beatriz", na voz
de Milton Nascimento, "Sobre Todas as Coisas", interpretada por Gilberto Gil, "A
Bela e a Fera", com Tim Maia, "O Circo Místico", por uma afinadíssima Zizi
Possi, e Gal Costa na plenitude em "A História de Lily Braun". Tudo arranjado
por Edu e Chiquinho de Moraes.

Grande parte da trilha original, porém,
era composta de temas instrumentais que não foram incluídos no disco lançado em
1983 e reeditado em CD nos anos 90. Agora a Dubas relança a versão completa, em
formato digipak, com a arte gráfica e a capa originais, de Naum Alves de Souza,
em alto relevo e tudo.

Além das faixas citadas, há outras que são afagos
na memória, como "A Ciranda da Bailarina", com um coro infantil, "Valsa dos
Clowns", em registro impecável de Jane Duboc, e "Meu Namorado", na voz de
Simone. O elenco de instrumentistas, como não poderia deixar de ser, é luxo só:
Antonio Adolfo e Cristóvão Bastos ao piano; Hélio Delmiro na guitarra; o violão
de Nelson Ângelo; a gaita de Maurício Einhorn; naipe de sopros que inclui
Nivaldo Ornellas, Léo Gandelman e Mauro Senise; percussão a cargo de Paulinho
Braga, Chico Batera, Paschoal Meirelles, entre outros.

Os temas
instrumentais, segundo Edu Lobo comenta em texto do encarte do CD, tinham a
função de introduzir as canções com letra. Eram todas melodias inéditas,
desconhecidas do público, portanto a idéia era reforçá-las. "A Dança dos
Banqueiros" e "A Levitação" eram as únicas com identidade própria. "’A Dança de
Lily Braun’, escrita em formato de big band, ‘prepara’ a entrada da ‘História de
Lily Braun’ com seus riffs e uma dificílima variação para os saxofones, na
repetição da segunda parte, pretendendo o impossível: um improviso a cinco
vozes", explica.

Também ligada a Lily Braun, "O Anjo Azul", de "atmosfera
bárbara", com orquestra de cordas, foi composta para a versão de 2002 do balé. A
trilha completa chegou a ser editada na época, mas o disco não foi lançado
comercialmente. O improviso do trompetista Márcio Montarroyos para "O Anjo Azul"
virou "melodia definitiva" e creditado como parceria de Edu. Na última faixa, a
grande curiosidade: uma gravação rara de "Beatriz" feita por Tom Jobim ao piano.
Cristóvão Bastos acrescentou os últimos compassos de piano que faltavam e um
solo de violino de João Daltro. Tão linda e emocionante quanto a versão de
Milton.

A primeira versão do álbum fechava com a sensacional "Na
Carreira", interpretada por Chico e Edu. Segundo este, originalmente era "A
Levitação" que encerrava a trilha, numa "seqüência harmônica em espiral, quase
religiosa". Nesta edição ficou perfeita antecedendo "Na Carreira", tornando o
grande circo ainda maior na importância e na beleza.

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