O game No More Heroes e sua louca genialidade para Nintendo Wii

por Fernando Uehara,
editor colaborador do blog NoReset

Há uma linha tênue que separa a loucura da genialidade, e Suda51 se equilibra nela de ponta-cabeça segurando um guarda-chuva. Ou uma beam katana. Neste primeiro mês de 2009, comemoram-se os 41 anos de vida de Goichi Suda, e o primeiro ano da chegada de sua obra máxima ao ocidente.

No More Heroes é uma obra-prima que reúne doses certas de ação e doideiras cômicas, com muito estilo, carisma e criatividade. Por tudo isso, é o meu jogo preferido e eu vou dizer o porquê nesse post, então me acompanhe em um tour por Santa Destroy e seu divertido mundo de bizarrices.

IT’S KILLING TIME!

Travis Touchdown é o personagem principal, e resume bem o espírito do jogo. Gamer, otaku, estiloso e desbocado, Travis é a encarnação da atitude punk/indie de Suda51 e sua produtora Grasshopper. Uma das grandes atrações de No More Heroes é justamente poder controlar Travis e observar suas reações durante as cutscenes.

Tudo no jogo esbanja personalidade e atitude, a começar pelos gráficos. Indo na contramão de tudo que representa o mercado de games atual, No More Heroes apareceu como jogo exclusivo do console menos potente dessa geração, apresentando gráficos estilizados que mais parecem vindos de um jogo de Dreamcast. Há quem diga que o visual é feio, mas a impressão que passa é de se estar jogando uma HQ em movimento.

IF CHALLENGE HAD A TASTE, YOU’D QUITE DELICIOUS!

A jogabilidade é outro ponto forte. As lutas são rápidas, intensas e, sobretudo, extremamente violentas, sem deixar o bom humor de lado. A grande sacada não foi o que o time de produção resolveu fazer com o Wiimote, mas sim o que eles decidiram NÃO fazer. Golpes com a beam katana não são realizados sacudindo o controle, o sensor de movimentos é guardado somente para movimentos finalizadores com a arma ou em golpes de luta livre.

Desferir o golpe final através de um movimento do braço e ver uma fonte de sangue e moedas jorrar dos inimigos derrotados é extremamente divertido e não cansa nunca.

Mas o melhor ainda está por vir. No More Heroes tem o melhor uso do Wiimote até hoje, e a mecânica não tem nada a ver com sensores de movimento. O controle é o único dessa geração que possui caixas de som, e Suda51 não deixou nem mesmo esse pequeno detalhe passar em branco. Antes de cada luta contra os chefes, você recebe uma ligação em seu celular, e a voz sai pelo controle. Genial! A primeira vez que isso acontece, é inevitável levar o Wiimote até a orelha como se fosse um celular, e sorrir pelo momento genial proporcionado por Travis e por Suda51.

HE ONLY LOOKS TOUGH BECAUSE HIS MOTHER WAS AN UGLY BITCH!

Falando nisso, quem faz essa ligação é Sylvia Christel, agente que organiza as lutas rankeadas. A química entre ela e Travis é perfeita, e a dupla é responsável pelos diálogos mais engraçados dos últimos tempos.

Os personagens secundários mantêm o nível de carisma lá no alto, principalmente os assassinos rankeados. É um tipo mais esquisito que o outro, cada um com seu estilo, sua personalidade e seu método de combate. As cutscenes antes e depois das lutas são curtas, mas inspiradas e na dose certa pra você conhecer e se importar por quem vai lutar/acabou de matar. A dublagem contribui bastante nesse aspecto, já que os atores conseguiram imprimir uma quantidade absurda de personalidade a seus respectivos personagens.

HEAD TO THE GARDEN OF MADNESS!

No More Heroes não é unanimidade. Há quem ame, há quem odeie, há quem nem se importe. Está longe de ser um jogo perfeito, e muito da diversão depende do quanto você se identifica com os personagens e com o mundo louco do jogo. Os gráficos estilizados não agradam a todos, e o mundo aberto é pobre e deixa muito a desejar.

Mas se você procura por atitude e personalidade, No More Heroes é o seu jogo. Suda51 não tenta ser realista em momento algum. Ao contrário dos jogos hardcore em alta definição, No More Heroes não tenta fazer com que você esqueça que está jogando videogame. A arte pixelada é intencional e o clima gamer é forte durante toda a aventura de Travis Touchdown rumo ao topo. A diversão de No More Heroes não vem apenas da sólida jogabilidade, mas de toda a experiência cômica, visual e sonora proporcionada. Em termos de carisma, atitude e personalidade, vai ser difícil superar esse jogo num futuro próximo.

Isso é, pelo menos até sair No More Heroes: Desperate Struggle no ano que vem!

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