O edifício que só tem lofts

O edifício novo, de fachada ainda intocada pelo tempo, exibe um lobby de cair o queixo – pé-direito altíssimo, algo raro em prédios residenciais. Vistas de fora, as janelas espaçadas e os panos de vidro deixam entrever não apenas a escadaria interna, mas também o intervalo generoso entre andares. Trata-se de um edifício que só abriga lofts.

Há peculiaridades em relação ao projeto de um dos imóveis do prédio, assinado pela arquiteta Heloísa Dabus, mas elas são sensíveis apenas depois de percorrer o apartamento. Estão presentes, sim, os móveis de design marcante e pureza formal. Mas, segundo Luiz Henrique Whitehead, arquiteto da equipe de Heloísa que acompanhou as obras, a moradora tem um perfil especial, o que determinou a decoração: estudante de arquitetura ela sabia exatamente o que devia ser feito. ?A conseqüência é que houve dinamismo no trabalho, já que era fácil chegar a um acordo?, diz Luiz. São quase 90 metros quadrados de área interna, com um primeiro andar, onde ficam cozinha, sala de estar e lavanderia, o mezanino para duas suítes, e uma varanda pequena, na frente da sala. Espaço suficiente para quem divide a casa apenas com um gato.

Artifício

A primeira surpresa está no mezanino. Em lugar do peitoril vazado ou guarda-corpo simples, Heloísa projetou um painel com montantes de madeira, sistema de vidro e persianas que reduz a incidência de luz por acionamento manual. O artifício virou uma das paredes do quarto principal, e seu aspecto lembra o de um ?aquário? – quando deseja, a proprietária pode abrir a persiana por completo e receber iluminação natural. ?Essa idéia foi trabalhada entre a dona do apartamento e a arquiteta, e criou um diferencial no prédio?, diz Luiz.

A arquiteta apostou em soluções originais para dar o tom da reforma exigida pela jovem empresária. No living, Heloísa estabelece um contraponto à verticalidade marcada pelo pé-direito desenhando móveis baixos em carvalho natural (da Segatto, preço sob consulta). Sobre o imenso painel de vidro, uma cortina marrom de tecido fino, além de persiana em cascata, acionada por controle remoto.

O closet, por exemplo, surge do recuo de uma das paredes, como se fosse um armário embutido. Uma porta de correr, onde Heloísa fixou o espelho inteiriço (pela Glass Company, de 4 mm da Guardian), o separa do dormitório. ?O quarto ao lado perde pouca área e ainda dispensa o guarda-roupa, que só iria atrapalhar o espaço ao lado da cama?, argumenta Luiz Henrique. O armário baixo reaparece e os acabamentos sugerem o que não é trivial: a cabeceira da cama, revestida em couro ecológico; e, na parede oposta, papel de parede (da Wall Paper) de palha japonesa.

Off-white

Houve necessidade de clarear os pisos de madeira da escada para que os acabamentos tivessem cores próximas do assoalho de cumaru que reveste a sala (da Denart). Sob o jogo de sofás, a pedido da proprietária, aplicou-se um mosaico de cerâmica imitando tapete tricolor (da Gyotoku, modelo Vesuvio). ?A cor predominante é o off-white, tendência forte de Milão?, diz Luiz, que admite ter utilizado o branco apenas na cozinha para delimitar áreas. (AE)

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