A recente revolução feminina trouxe perspectivas diferentes para a figura denominada “pai”, com transformações radicais na relação entre pais e filhos, sempre tão permeadas de amor, contradições e conflitos.
Dos tempos de Freud, onde a figura paterna representava a introdução das interdições na vida da criança, à revolução feminina, que trouxe o pai para dentro de casa a exercer funções antes exclusivamente maternas, ao divórcio, que trouxe novas configurações familiares, muitas transformações ocorreram. No entanto, ao que tudo indica, nada trará modificações tão profundas na sociedade quanto as novas famílias homoafetivas – de relações recentemente reconhecidas por decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal.
Se o pai descrito por Freud tinha características, funções e feições tão bem delimitadas, como caracterizá-las nos pais homoafetivos de hoje em dia? Questionariam rapidamente os críticos destas relações: qual o pai a ser homenageado no próximo dia 14 na hipótese dos casais homoafetivos femininos? O pai biológico, ou uma das mães que em tese faria esse papel no dia a dia? Qual dos dois pais, ou os dois, nos casais masculinos?
Mais que nunca, quer nos parecer, o parâmetro a ser tomado é o mesmo de outrora. Pai sempre foi, é e será aquele que exerce as funções paternas, e que entre outras tantas, tem as tarefas do cuidado, do apoio, do estabelecimento de limites, das regras, da educação, do provimento dos alimentos e da saúde. E isso, a nosso sentir, independe do sexo de quem as exerça. Talvez, paradoxalmente, a realidade nada mudou apesar de muito ter se modificado. Muda a forma, mas não a função, muda o jeito, mas não o coração.
Para ser Pai foi e é preciso simplesmente amar e ser amado como pai!
Francisco Cunha Souza Filho e Cristiane Emmendoerfer, do escritório Macedo & Cunha Advogados Associados, especialistas em direito de família e sucessório.