O devir sem cárceres

… “Ele me enviou para evangelizar os mansos, para curar os contritos de coração, e pregar a redenção aos cativos e liberdade aos encarcerados…” (Isaías,V: 61)

Ainda em nossos dias o devir sem cárceres é considerado uma utopia.

Porém as palavras mais sábias proferidas neste mundo, revelando-lhe a evolução, encontram-se no Sermão da Montanha. Neste, a tese é a de que os bens da Terra foram açambarcados pelos violentos e maus, em prejuízo dos mansos e pacíficos. A antítese é a condenação da violência, das injustiças, pela máximas que estabelecem como lei a doçura, a moderação, a paciência e amor para com os semelhantes. E a síntese é o novo estado da Terra transformada num mundo feliz.

Agravam-se as contradições na sociedade gerando crises e descrença. O aumento da criminalidade, da insegurança, coincide com o dos presídios e contrariamente com a impunidade. Assim como a riqueza com a miséria. O crime é organizado na marginalidade e nas próprias instituições que o combatem. Afigura-se um regime sem moral em que prevalecem injustiças, torturas num sistema penitenciário falido.

A antítese de tudo isto reside na ação de homens e mulheres de boa vontade, a qual nos dá os mais fortes indícios da transformação evolutiva do mundo, inclusive do sistema de cárceres para um sistema protecional. Este será o de tratamento científico psicológico em estabelecimentos adequados. Já há notícias de experiência positivas nesse sentido.

As penas serão abolidas, mas antes substituídas gradativamente por medidas de correção e tratamento. E as penas chamadas alternativas já não têm o caráter repressivo e de expiação. Preconizamos também a Reconstrução na obra “A Nova Estética” (1) e no final afirmamos: “No quadro do prisioneiro em seu cárcere se possa vislumbra o devir, o fim de todo sistema penitenciário; e no do homem em qualquer situação a grandeza de seu destino.” Em “Ä Escola Humanista”, (2) ao defender o direito de proteção como natural e a origem dos direitos humanos, ressaltamos a importância da educação na prevenção do crime, postulando um sistema protecional em substituição ao de cárceres.

A semeadura do amor está implícita no Sermão da Montanha na construção do mundo feliz que será a Terra. Quem senão Ele poderia saber, há mais de dois mil anos, não ser a Terra o único mundo no universo? Todos teremos a oportunidade de possuí-la.

Os próprios cristãos não o crêem, tudo isto tem sido considerado apenas utopia, porém as perenes palavras que se cumprem são as de Jesus:”Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra.”(Mateus, V:4)

(1) “Nova Estética”,Sucesso Editorial,Curitiba,l977

(2) “A Escola Humanista”,Editora UFSCar, São Carlos, 1999.

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