Estamos perdidos no meio de um universo frio, escuro e assustadoramente desabitado. A Terra, vista do espaço, exprime uma solidão desoladora.
Será que estamos sozinhos? Essa é a pergunta que nos fazemos quando olhamos para o céu numa noite de luar. Mas esse sentimento, que a princípio lembra o desejo de um menino que se cansou de brincar sozinho, deve ser visto com reservas, porque o homem civilizado, apesar de toda sua boa vontade, não é um ser muito social. Somos incapazes de conviver com quem julgamos diferente. Prova disso é o destino que tiveram as civilizações indígenas, física e moralmente aniquiladas, e (não comparando) os animais, sempre caçados ou aprisionados. Na verdade, sempre encontraremos alguma diferença porque tememos o desconhecido. E se não conhecemos, destruimos. Agimos assim por puro instinto, o mesmo instinto de sobrevivência que norteia toda vida na Terra. Isso coloca os eventuais visitantes vindos do espaço no seguinte dilema: destruir ou ser destruído.
É mais ou menos como conta aquela antiga fábula do grego Esopo: o escorpião queria atravessar o rio. Para tanto, pediu à rã que o conduzisse até a outra margem. A rã, sabendo da má fama do escorpião, disse não. Mas o escorpião insistiu, dizendo que mal nenhum iria lhe fazer, até mesmo porque, caso a atacasse, os dois morreriam afogados. O argumento pareceu sensato à rã, que aceitou a empreitada. Contudo, no meio do caminho, a rã sentiu uma forte pontada em suas costas. Era o ferrão do escorpião. Antes de afundarem, porém, a rã ainda teve tempo de perguntar, incrédula: Por quê? E o escorpião respondeu, triste: Eu não posso evitar; é a minha natureza…
Djalma Filho é advogado – djalma-filho@brturbo.com.br