O presidente nacional do PTB, partido aliado do governo, Roberto Jefferson, voltou à carga e em nova entrevista deu detalhes de sua denúncia de que o PT vinha pagando mesadas na base de R$ 30.000,00 per capita aos ?aliados? que se dispusessem a votar com o governo no Congresso. O deputado fluminense e presidente do PTB fez tais acusações depois de denunciado por exigir propinas, através de prepostos, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e do Instituto de Resseguros do Brasil. Prepostos que, conforme declararam, recebiam ordens expressas suas para os achaques. Tais achaques ditavam os resultados de compras e de licitações. Ganhava quem pagasse mais e perdia o povo, de cujo bolso, no final das contas, saía o dinheiro.
Em uma segunda entrevista à imprensa, Jefferson diz que o dinheiro chegava aos deputados em malas. Um novo ?crime da mala?, que, se não ficará nos anais da criminalidade comum deste País, marcará de maneira negra sua vida política. Dinheiro que vinha de estatais e de empresas privadas, num esquema executado pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares, uma espécie de PC Farias da turma que hoje exerce o poder. E que tinha a participação do publicitário mineiro Marcos Valério e do líder do PP na Câmara, o deputado paranaense José Janene. Este desmentiu o petebista e anunciou que o processará.
Entram na dança os que Jefferson chama de ?cabeças? do PT: José Genoino, Delúbio Soares, Sílvio Pereira e Marcelo Sereno. E não falta a figura carimbada do chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu. Haveria provas de maracutaias em gravações e filmagens. Inexistem, por enquanto, escritas e testemunhais, embora comecem a despontar.
A técnica do presidente do PTB é atacar para se defender. E a do PT e do governo, a mesma, mas no sentido contrário. Uma tática que Napoleão já ensinava: a melhor defesa é o ataque. Mas no meio de tantas mentiras e desmentidos, alguma coisa deve ser verdade e o fato é que a crise no governo se agrava. Já há uma plantação de inquéritos e CPIs, nenhum ainda dando frutos, mas todos espargindo um cheiro fétido que acaba com a presunção de honestidade que as forças situacionistas pretendiam para si.
Com o que vem acontecendo, não importa, no final das contas, a contabilidade das verdades e mentiras, o fato é que as instituições estão estremecendo. Um Delúbio Soares não é nenhum PC Farias. Mesmo que tenha agido irregular e ilegalmente, foi instrumento de maracutaias mais mixurucas do que as do tesoureiro do defenestrado Fernando Collor. Também Lula está longe de ser um presidente que se possa comparar a Fernando Collor. Este era, e ficou sobejamente provado, um aproveitador, em busca de poder e enriquecimento. Lula até agora continua com sua fama de honesto e tudo indica que a merece, embora ao seu redor e em seu nome possam ter acontecido tantas irregularidades. Mas assustam fatos como o protesto das esposas de militares da Marinha que, em cerimônia em que Lula não compareceu e esteve presente, hostilizado, o vice-presidente José Alencar, também ministro da Defesa. Nesse protesto, que aos militares é proibido, mas é lícito seja feito por suas esposas, havia cartazes pedindo o ?impeachment? de Lula.
Certamente não haverá ?impeachment? e não há motivos para tanto. Mas o fato de já haver quem pense no assunto mostra o quanto, ladeira abaixo, vem despencando o prestígio do governo.
