O bom discípulo

Atingido na menina dos olhos pelos presumíveis desvios éticos e morais cometidos por antigos companheiros da militância política – Dirceu e Genoino -, apeados da chefia da Casa Civil e da presidência nacional do PT, Lula teve algum alívio da aflição experimentada nas últimas semanas, mercê dos fartos elogios feitos ao desempenho do ministro Antônio Palocci por John Snow, secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

Sua excelência deve ter percebido também que o mercado recebeu com visível entusiasmo a renúncia do deputado Valdemar Costa Neto, um dos clientes mais abonados da lista de Marcos Valério. Tão logo a notícia foi transmitida, a Bovespa acusou repentina alta.

Sinal inequívoco da sinalização emitida pelo setor econômico diante de um provável e bem-vindo processo de depuração das instituições políticas, tal a envergadura do comprometimento de várias figuras do PT e da base aliada com a corrupção. O mercado sentir-se-ia lisonjeado com a limpeza dos currais.

Assim, não havendo razões para louvar a prática e tampouco o direcionamento político exercido por operadores do projeto de governo, ao presidente coube o lenitivo trazido pelo auxiliar de Bush. O secretário afirmou que ?os resultados da política macroeconômica são espetaculares e maravilhosos?.

Não se tem registro de apreciação semelhante feita em relação ao ministro Pedro Malan, que durante o governo FHC notabilizou-se como esforçado e diligente discípulo do pensamento neoliberal e da economia globalizada.

Palocci, quem diria, convertido à inflexível ortodoxia econômica, acabou impondo à máquina federal uma capatazia com força suficiente para suprimir despesas consignadas na própria lei orçamentária, sem levar em conta a amolação dos ministros preteridos. Como excelente aluno que demonstrou ser, o ministro colhe agora os encômios transmitidos de Washington.

Ninguém sabe se ao visitante foram mostrados os números referentes à miséria de grande parte da população, o desemprego, a situação deprimente dos serviços públicos de saúde, educação e segurança, a malha rodoviária abandonada e outras mazelas…

Snow foi incisivo ao aconselhar o governo a continuar fazendo reformas, pois elas liberam as energias do setor privado. Mais objetivo, impossível.

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