A frase acima é título do livro escrito pelo cientista político Bjorn Lomborg. Após a publicação deste livro, Lomborg assumiu a crítica posição de ferrenho contestador das verdades “irrefutáveis” do movimento ecologista, principalmente daqueles mais apegados à defesa radical no ambiente natural.
Ao analisar um vasto acervo de dados técnicos, Lomborg traz fundada suspeita sobre a veracidade dos dados que motivam políticas públicas ambientalistas, como o aquecimento global, o aumento do nível do mar, a perda da biodiversidade, entre outros.
Ao contrário de seus desafetos, o livro de Lomborg nunca teve a pretensão de antever o futuro com previsões catastróficas sobre o futuro da humanidade. Ainda assim, como se o livro escrito em 2002 fosse uma carta destinada ao futuro, em março deste ano o cientista inglês Phil Jones, da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, foi sabatinado pelos políticos britânicos acerca da falsidade e manipulação de dados que vazaram na internet, cujo principal objetivo era sustentar posições políticas sobre a necessidade de um acordo mundial para frear o aquecimento global.
Como se viu em Copenhagen, acordos em escala mundial sobre questões ambientais estão longe de virarem uma realidade, ora pela inexpressividade dos resultados apresentados pelo Protocolo de Kyoto, ora pela conveniente necessidade que o movimento “pró-verde” cria no imaginário popular acerca de programas e incentivos financeiros que continuem sustentando os apelos ambientalistas.
Apesar de trágica, a falsidade científica descortinada serviu como lição. O debate sobre políticas ambientais deve estar livre de contaminações ideológicas. A simplificação das diferenças encerrada em movimentos como “deep ecology”, “feminismo ambientalista”, “utilitaristas industriais”, “neoliberais” e tantas outras pechas teóricas servem para duas coisas: desviar o debate da arena democrática e esconder as verdadeiras intenções dos agentes políticos envolvidos nesta querelas ideológicas, que mais parecem disputas do antigo grêmio estudantil.
Discussões empiricamente técnicas têm se afastado do grande público. Dúvidas sobre a capacidade de o crescimento econômico causar, por si só, proteção ao ambiente não são consideradas para os fins do debate político.
Ou então, privatizações de áreas ambientais como método de evitar a escassez dos recursos comuns também são deixadas de lado. Enquanto isso, as praias, bens públicos por definição legal, estão cada vez mais poluídas; o recurso pesqueiro cada vez mais escasso; o ônus de preservação cada vez mais pesado ao proprietário rural, o poder público cada vez mais ineficiente na coleta e disposição final de resíduos, e o bem-estar da coletividade cada vez mais longe da realidade.
Victor Hugo Domingues é professor de Ciência Política da Faculdade Metropolitana de Curitiba – Famec, sócio do Instituto dos Advogados do Paraná, membro da Associação Paranaense de Direito e Economia. Contato victorhugodom@gmail.com