Pela primeira vez em 22 anos de serviço a voz faltou. O sargento Sérgio Navega, de 41 anos, estava de frente para o Corsa da comerciante Rosa Cristina Fernandes Vieites. Via a lateral esquerda respingada de sangue e o que sobrou do menino João Hélio ainda preso ao cinto de segurança. ?Era um pedaço de carne já sem roupa, destruído. Mas eu sabia que era uma criança. Peguei o rádio, mas não conseguia me expressar. A voz embargou?, contou na sexta-feira ao Estado, assim que chegou em casa, depois de dois dias consecutivos de trabalho.

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Pai de duas meninas de 11 e 2 anos, Navega passava perto do Largo de Cascadura quando foi abordado por pedestres que gritavam e gesticulavam. ?Diziam que uma pessoa estava sendo arrastada pelo carro. Não achei que fosse verdade.? A cada rua, mais gritos. As pessoas apontavam o caminho. No local, teve a confirmação do que considerou o crime mais bárbaro da sua carreira. ?Nunca vou esquecer o que vi ali. Por que eu não passei na hora do assalto? Talvez tivesse conseguido evitar.? Ele não entende como os assassinos dirigiram por tanto tempo com o menino sendo arrastado. ?Era só deixar o menino descer. Eles não têm Deus no coração?, lamentou.

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