O número de execuções em todo o mundo teve uma queda de 25% de 2005 para 2006, aumentando as esperanças de que um dia a pena de morte seja banida em todo o planeta, informou a Anistia Internacional nesta sexta-feira (27). O relatório informa que 1.591 pessoas foram mortas pelos seus governos no ano passado, comparado a 2.148 execuções em 2005.
"Nós divulgamos esses números aqui na Itália porque esse país está na frente da luta pela abolição da pena de morte há muito tempo," disse Irene Khan, secretária-geral da Anistia Internacional, que também encontrou-se como o primeiro-ministro italiano Romano Prodi durante a sua visita. A Anistia ressalta, no entanto, que os números de execuções se referem apenas aos casos conhecidos pela organização, porque o número de pessoas mortas por governos é muito maior.
Na China, onde as informações sobre execuções não são divulgadas pelo governo, a Anistia diz que ocorreram pelo menos mais de 1.000 execuções no ano passado, através de dados obtidos a partir de relatórios do governo. Mas o número real de pessoas executadas na China em 2006 pode ter sido muito maior, cerca de 8.000 indivíduos. No ano passado, o Irã executou pelo menos 177 pessoas, o Paquistão matou 82 e o Sudão 65. No Iraque também foram executadas oficialmente 65 pessoas. O relatório alerta que o crescimento da punição capital cresceu rapidamente no Iraque, desde que a pena de morte foi reinstaurada no país em 2004.
Os Estados Unidos, que são o único país nas Américas a executar pessoas oficialmente desde 2003, mataram 53 pessoas em 12 estados no ano passado, o menor número de execuções desde 1997, informou a Anistia. No total, apenas seis países – Irã, Iraque, Sudão, Paquistão, EUA e China – foram responsáveis por 91% de todas as execuções ocorridas em 2006. A pena de morte foi abolida nos 27 integrantes da União Européia e em quase todos os países da América Latina. Segundo a Anistia, na Europa a pena de morte só existe ainda no Belarus (antiga Bielo-Rússia). Seis países africanos fizeram execuções em 2006.
A tendência é de que a pena de morte seja banida, afirma a Anistia. Mais de 45 países aboliram a pena de morte para todos os crimes desde 1990. No total, 88 países aboliram totalmente a pena de morte, 11 aboliram para quase todos os crimes, com exceção de crimes de guerra, e 29 ainda têm a pena de morte na lei mas não fizeram execuções pelos últimos dez anos, informou a Anistia.
A Anistia alerta que o número de execuções está em crescimento no Irã, onde dobrou no ano passado, em comparação a 2005. A organização alerta que muitas as vezes as vítimas são mortas com requintes de crueldade, como por apedrejamento – caso de um homem e uma mulher que tiveram um relacionamento extraconjugal e por isso foram apedrejados até a morte. Segundo a organização, o tamanho das pedras no Irã é determinado não para causar morte instantânea, mas para matar aos poucos.
Outros métodos cruéis usados para matar são a decapitação, vigente na Arábia Saudita e no Iraque, a morte por facas, na Somália, e as injeções letais nos Estados Unidos. No caso das injeções letais, a Anistia lembra no relatório a execução de Angel Díaz, na Flórida. O condenado levou 34 minutos para morrer em meio a dores terríveis, porque os venenos que deveriam causar sua morte não foram aplicados na veia e sim em tecido mole. Por causa dos problemas na execução de Díaz, o governador da Flórida, Jeb Bush, suspendeu as execuções no estado americano em 2006. Cerca de 20 mil pessoas aguardam a própria execução em várias prisões no mundo. A Anistia fez nesta sexta-feira um novo apelo para o banimento da pena de morte em todo o mundo.