O primeiro remédio de última geração para câncer de pulmão avançado chega hoje ao mercado brasileiro. O Tarceva, nome comercial do cloridrato de erlotinibe, fabricado pelo laboratório Roche, foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril do ano passado, mas faltava a definição do preço: R$ 8 mil por mês de tratamento – o tempo de uso depende da resposta do paciente ao remédio.
O valor ficou em negociação durante seis meses na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão do governo que controla o valor dos medicamentos no País.
O Tarceva pertence à categoria das drogas terapia-alvo, aquelas que combatem principalmente as células doentes, preservando durante um tempo as células sadias – ela inibe um dos receptores responsáveis pela multiplicação da célula tumoral.
A indicação, como todos os remédios de terapia-alvo, é para pacientes com a doença em fase avançada. Ou seja, quando a doença não responde à quimioterapia.
A aprovação do Tarceva foi baseada em estudos que mostraram que pacientes tratados com o remédio tiveram um aumento na sobrevida média de 42% quando comparados com aqueles que receberam placebo.
O tempo de sobrevida médio dos pacientes tratados com a droga é de dois meses, mas estudos mostraram que alguns viveram mais dois anos
Não é só o tempo de sobrevida que interessa aos médicos. ?Todos os tratamentos para câncer, como a quimioterapia, começam a ser avaliados em pacientes terminais?, explica Bernardo Garicochea, diretor do serviço de oncologia da PUC do Rio Grande do Sul. ?O Tarceva, assim como outras drogas de terapia-alvo, mostrou eficácia, e o próximo passo é estudar essas drogas no início da doença.
O tratamento de terapia-alvo é a mais recente estratégia na luta contra o câncer. Até cinco anos atrás, existiam duas opções para quem tinha um tumor: retirá-lo em estágios iniciais numa cirurgia ou fazer quimioterapia e radioterapia.
Os outros remédios de última geração que já estão no mercado são o Sutent (câncer de rim), da Pfizer, e o Avastin (câncer colo-retal), da Roche. O Avastin ficou parado no CMED durante 1 ano e 8 meses. Já o Erbitux, para câncer de cabeça e pescoço, da Merck alemã, está em fase de negociação no órgão regulador de preços do governo.