Um dos efeitos da revisão dos números do Produto Interno Bruto (PIB) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é a provável redução da taxa de juros de equilíbrio do País. ?Significa que o Banco Central (BC) poderá continuar cortando a taxa de juros por um tempo mais prolongado do que se imaginava antes?, diz o economista Caio Megale, da Mauá Investimentos.
Calculada em muitos países com base em ampla série histórica, a taxa de equilíbrio ou neutra equivale ao patamar de juros em que a economia poderia funcionar de forma harmônica, ou seja, sem gerar descompassos entre demanda e oferta e crises nas contas externas. Para Megale, a melhora dos indicadores de produtividade e de solvência fiscal garante uma queda da taxa de equilíbrio do Brasil. ?Não é nada muito grande. Mas podemos ter redução de algo como 6,5% para 6% (de taxa de juros real)?, comenta.
O economista da MB Associados, Sergio Vale, é outro a apostar que o País ganhou espaço para trabalhar com juros mais baixos. ?Podemos sair dos 8% reais de hoje e passar a testar 6%.? Com inflação de 4% projetada pelo mercado para 2008, a taxa nominal de juros poderia recuar dos atuais 12,75% para 10% ao longo do tempo. Os dois economistas, no entanto, não acreditam na possibilidade de o BC vir a acelerar o processo de queda dos juros por conta da nova realidade. ?O BC vai continuar cortando os juros em 0,25 ponto porcentual em cada reunião do Copom?, diz Megale. A conquista de espaço maior para queda de juros, segundo ele, dependerá ainda da disposição do governo de manter o rigor da política fiscal.