O novo titular do Ministério da Fazenda Guido Mantega, indicou que manterá por enquanto a equipe de seu antecessor, Antonio Palocci, e que não tem pressa de montar seu corpo de auxiliares. As únicas exceções serão o secretário-executivo, Murilo Portugal, que pediu demissão em caráter irrevogável, ontem (27), e o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, que já havia comunicado sua saída para assumir a vice-presidência de Finanças e Administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Hoje, em sua primeira entrevista à imprensa na condição de ministro da Fazenda, Mantega afirmou que pediu aos demais secretários que permaneçam em seus cargos até poder conversar pessoalmente com cada um. Mas escorregou ao lembrar que, ao assumir o Planejamento, em 2003, mudou toda a equipe do ministério e que fez o mesmo ao sentar-se na cadeira de presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no final de novembro de 2004. Ao dar-se conta do ato falho, remendou: "Eu não pretendo trocar toda a equipe da Fazenda."
No final da tarde de hoje, Mantega retornou ao Rio de Janeiro, onde permanecerá até quinta-feira. Nesse período, deverá refletir sobre os substitutos de Portugal e de Levy, bem como sobre a conversa que já manteve com o secretário de Política Econômica, Bernando Appy. Segundo Appy, Mantega o questionou se teria interesse em continuar no Ministério da Fazenda. O secretário respondeu que sim, uma vez que se sente afinado com o projeto do governo para a área econômica. Entretanto, não está definido se continuará na área de Política Econômica ou se virá a substituir Levy no Tesouro Nacional. "As coisas acontecerão a seu tempo", disse Mantega.
Questionado se sentiu-se abandonado por Portugal, que não chegou a esperar sua posse para pedir demissão, Mantega afirmou que não era próximo do ex-secretário-executivo, mais afinado a Palocci. "Certamente, não me senti abandonado porque há vários técnicos competentes que podem assumir a função", disse. O novo ministro desconversou ao ouvir a hipótese de Carlos Kawall, diretor do BNDES, compor sua equipe na Fazenda. Explicou que a presença de Kawall na sua posse não induz a nenhuma conclusão, uma vez que toda a diretoria acompanhou a cerimônia no Palácio do Planalto.
