O físico carioca Sérgio Machado Rezende, de 64 anos, já elegeu suas prioridades à frente do Ministério da Ciência e Tecnologia, cargo que assume amanhã (19), em substituição ao pernambucano Eduardo Campos, e após dois anos e cinco meses à frente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep): investir na melhoria do ensino e da divulgação científica e atrair a atenção do empresariado para o setor de inovação tecnológica. "Na área de divulgação, por exemplo, vamos promover mudanças na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). Ela é fundamental para unir as universidades e as instituições científicas do País, mas está obsoleta. Vamos investir para torná-la mais rápida", adiantou hoje, após um café da manhã de despedida na sede da Finep, no Flamengo.
Criada pelo MCT para unir a comunidade acadêmica, a rede de internet é gratuita para instituições de ensino e de pesquisa públicas e privadas e tem conexões redes da América Latina, Europa e Estados Unidos.
Rezende também já tem algumas definições para atingir o outro desafio, ou seja, fazer o Brasil crescer em pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos inovadores, que, a cada dia, surgem nas bancadas universitárias, mas costumam ficar restritas à academia por falta de investidores. Uma das alternativas, diz ele, é buscar linhas de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e parcerias com o Sebrae. "O Brasil não tem tradição nisso. Falta, dentro do setor empresarial, a cultura de investir no que está sendo descoberto nas universidades, nos centros de pesquisa. Daí a importância de criarmos mecanismos que promovam essa interação”, detalhou, citando, entre as iniciativas, o Programa Juro Zero, criado por ele, recentemente, na Finep, por meio do qual a agência de fomento financia recursos para micro e pequenas empresas inovadoras, sem a cobrança de juros.
Formado em Engenharia Eletrônica na Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), com doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, Rezende já passou por universidades como Unicamp, PUC e Universidade Federal de Pernambuco e, na última década, passou a atuar na gestão pública, tendo sido secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, na gestão de Miguel Arraes (PSB). Na Finep, criou um método que diminuiu o tempo entre a aprovação e a contratação de projetos cinco meses para 33 dias.
Apesar da queda significativa entre o número de dias, o novo ministro deixou claro que pode ser preciso reduzir ainda mais o intervalo para análise dos projetos apresentados caso o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) for aprovado pelo Senado exatamente como saiu da Câmara dos Deputados. O fundo terá recursos orçamentários provenientes de incentivos fiscais ou de contribuições e doações de entidades públicas e privadas. "Vamos precisar de mais agilidade, pois os recursos para contratação de projetos, que este ano ficou em R$ 750 milhões, deve subir para R$ 1 bilhão com a aprovação do fundo", observou.