Novo mapa revela o perfil dos maciços florestais da cidade

00015388.jpgA Secretaria Municipal do Meio Ambiente disponibiliza nesta quarta-feira (24) para os demais setores da prefeitura e órgãos ambientais do Estado e da União, o mapa de maciços ambientais da cidade que aponta a localização dos aglomerados de árvores existentes em Curitiba.

O mapa é um novo instrumento de planejamento e monitoramento e revela que há pelo menos 16 anos os maciços mantém a cobertura vegetal da cidade estável. Atualmente eles representam 17,97% do território da cidade. Em 1988, quando os recursos tecnológicos para a realização deste tipo de levantamento eram mais limitados, o índice era de 15,06%.

O novo instrumento atualiza o sistema informatizado de áreas verdes da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Raras cidades brasileiras têm um estudo tão consistente como o que acaba de ser concluído. Foram considerados maciços ambientais os aglomerados de árvores com mais de 100 metros quadrados. Gramados e superfícies de lagos não foram levados em conta para o cálculo. Nas Áreas de Proteção Ambiental apenas a floresta foi considerada.

A manutenção dos índices de Curitiba se explica por vários fatores. "Basta ver o número de parques e bosques na cidade nos últimos 16 anos", compara o engenheiro florestal Alfredo Trindade.

Em 1988 eram cinco parques e cinco bosques. Hoje são 17 parques e 13 bosques – 200% a mais do que em 1988. Atualmente a cidade ainda conta com 412 praças, 402 jardinetes e 54 largos entre outras áreas.

"Os parques fazem com que os maciços sejam preservados", explica. Somados, parques e bosques respondem por 3,3 milhões de metros quadrados de maciços vegetais.

As áreas de proteção ambiental, os bosques de propriedade particular e até mesmo a arborização urbana têm ajudado a manter os níveis alcançados por Curitiba. Dos 17,97% de maciços florestais da cidade, o município é proprietário de 4,3%. O restante pertence a particulares que contam com benefícios fiscais e construtivos por causa dos bosques que têm, o que garante o uso racional das áreas verdes da cidade.

Maciços vegetais por habitante

O estudo que acaba de ser concluído revela que o total de maciços vegetais foi de 77.786.020,6 metros quadrados (7.778,6 ha) e a maior concentração fica na Regional Santa Felicidade, onde está a área de Proteção Ambiental do Passaúna, com 33,61%.

Em segundo lugar aparece a Regional Bairro Novo, onde está a Área de Proteção Ambiental do Iguaçu, com 27,59% da área total de maciços.

A maior concentração de maciços ocorre nos bairros situados nas extremidades das regionais, onde há a presença de parques municipais e bosques. Considerando a população medida pelo Censo 2000 do IBGE, o índice de áreas verdes por habitante na forma de maciços vegetais é de 49,02 metros quadrados. Se for considerada a arborização viária, que é estimada em 3.939.600 metros quadrados, o índice passa a ser de 51,5 metros quadrados por habitante.

O estudo é dividido em seis categorias – mata nativa com araucária, mata nativa sem araucária, mata secundária em regeneração (capoeira), bracatingal, reflorestamento e mata ciliar. A mata nativa representa mais de 84% das áreas verdes, sendo 70,22% de mata nativa com araucária e 14,04% de mata nativa sem araucária. A capoeira (estágio inicial da floresta) representa 3,46%; o bracatingal (estágio mais avançado que a capoeira), 2,95%; a área de reflorestamento 6,58%; e mata ciliar, 2,75% do total de maciços vegetais.

Como foi feito

Para fazer o levantamento detalhado, os técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente trabalharam durante três anos. Foram utilizadas 288 ortofotos digitais, que são fotografias aéreas corrigidas de deformações, que permitem medir os elementos com precisão. Com isso foi possível detectar maciços em áreas que, nos levantamentos anteriores, eram consideradas inexistentes.

A definição dos contornos dos maciços de Curitiba foi possível com a edição das ortofotos digitais georeferenciadas que puderam ser combinadas à base cartográfica digital da cidade de Curitiba. Nesta fase dos trabalhos foram considerados "maciços" os aglomerados de árvores de qualquer espécie com área maior do que 100 metros quadrados.

Só depois disso teve início o trabalho de campo para conferir os maciços vegetais mapeados e determinar a tipologia. As vistorias, feitas por amostragem, foram realizadas em 35% dos maciços da cidade. Com as informações identificadas no trabalho de campo foi feito o ajuste das áreas mapeadas.

Ao todo, foram mapeadas 5.122 áreas de maciços vegetais, incluindo áreas com menos de 500 metros. Nos trabalhos anteriores foram usadas fotos aéreas convencionais, que não permitem a visualização de áreas menores do que dois mil metros quadrados.

Com a possibilidade de mapear áreas com menos de dois mil metros quadrados, foi possível identificar 2.151 novas áreas de maciços equivalentes a 2,02 milhões de metros quadrados que não haviam sido considerados em outros estudos e que passam a ser observados pelo Departamento de Pesquisa e Monitoramento da Secretaria do Meio Ambiente.

As demais 2.971 áreas têm mais de dois mil metros quadrados. O estudo foi coordenado pelo engenheiro cartógrafo, Luis Alberto Lopez Miguez, que fez deste trabalho a sua monografia para obtenção do título de especialista em qualidade de vida urbana.

O primeiro levantamento global sobre o assunto foi feito em 1987 pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (Fupef). Naquela época os maciços ambientais representavam 15,06% do território de Curitiba. Em 1992, quando foi criado o serviço de geoprocessamento da Secretaria do Meio Ambiente, foi realizado o segundo, e em 2000 o último estudo. Em 1992, o índice de áreas verdes representou 13,56% da área total do município.

O levantamento de áreas verdes e a atualização destes dados são necessários pelo aumento significativo da população e pelo processo de urbanização intenso, e fundamentais para a o planejamento e para a definição da política municipal de áreas verdes da cidade. A partir de agora os dados serão atualizados pelo sistema de informações georeferenciadas para monitoramento dos maciços vegetais.

Além de compor a paisagem urbana, as áreas verdes ajudam no controle da poluição atmosférica, absorvendo e neutralizando gases poluentes e retendo poeiras e partículas sólidas em suspensão, diminuem os efeitos das poluições sonoras e visuais e oferecem condições de vida mais saudáveis à população.

Saiba como é a classificação usada e quanto existe em Curitiba em relação ao total de maciços vegetais:

· Mata nativa com araucária – áreas com grande densidade de araucária, quer seja em sub-bosque explorado, inexistente ou fechado – 70,22%

· Mata nativa sem araucária – vegetação nativa constituída principalmente de árvores de grande porte, podendo até conter alguns exemplares de araucárias, mas não em abundância nem em freqüência significativa – 14,04%

· Mata secundária em regeneração (capoeira) – área com vegetação de porte inferior, principalmente em altura, ao do tipo mata nativa. Pode conter algumas poucas árvores de grande porte e/ou araucária – 3,46%

· Bracatingal – área com grande densidade de bracatinga – 2,95%

· Reflorestamento – áreas que evidenciam plantio regular e espaçado de árvores facilmente diferenciados das áreas verdes – 6,58%

· Mata ciliar – área que circunda rios e fundos de vale – 2,75%

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