Trinta e quatro famílias que foram retiradas, por meio de reintegração de posse, de um terreno localizado no bairro Guarituba, às margens da Rodovia Leopoldo Jacomel, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, vivem hoje um imbróglio com a administração da cidade.
No início de dezembro do ano passado, o grupo foi retirado da área de manancial e encaminhado, pela prefeitura, para o ginásio de esportes da Escola Municipal Henrique de Souza, em Piraquara.
O problema, no entanto, é que a prefeitura precisa do espaço no próximo dia 28, mas as famílias não têm para onde ir. Segundo Teodorico Gonçalves de Lima, que mora com a esposa e cinco filhos no ginásio, no último dia 12 uma notificação foi entregue ao grupo.
“Recebemos o documento informando que em três dias teríamos que deixar o ginásio. Não temos para onde ir. Agora não consigo dormir pelo medo de perder minhas coisas. Vivemos um momento de tensão”, conta o pedreiro, que mora há 48 dias no ginásio.
O secretário de Meio Ambiente de Piraquara, Gilmar Clavisso, afirma que o documento entregue às famílias era extrajudicial. “Fomos conversar com eles e não tivemos acordo. Na quarta-feira, a prefeitura entrou com um pedido de reintegração de posse”, diz o secretário.
Segundo ele, o tempo de ocupação do ginásio foi cedido para que as famílias pudessem voltar para suas regiões de origem, mas elas acabaram ficando. “Agora precisamos do ginásio”, pontua.
Esporte
O problema é que no próximo dia 28 terá início o programa Mais Educação, do governo federal, cujo foco principal é o esporte. “Não temos mais saída. Precisamos devolver a área da escola para os alunos. Estamos no sufoco. Não queremos despejar ninguém, tanto que a prefeitura fez de tudo para resolver essa situação antes”, afirma o secretário.
As famílias presentes no ginásio já estão inscritas em programas habitacionais da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar). “O programa não os abrigará de uma hora para outra. É preciso respeitar a vez dos outros inscritos”, ressalta Clavisso.
Ocupação
Em outubro de 2010, o terreno localizado às margens da Rodovia Leopoldo Jacomel foi invadido. Em princípio, 200 famílias se instalaram no local – depois o número passou de 300 -, considerado área de manancial pela prefeitura e pelo Ministério Público (MP) do Paraná, que participou do processo pedindo a retirada das famílias o mais rápido possível, uma vez que a área que havia sido invadida fica acima de um lençol freático superficial.
A justificativa do MP era que 50% da água consumida em Curitiba vinha de Piraquara. As famílias permaneceram 56 dias naquele terreno. No dia 2 de dezembro do ano passado foram encaminhadas para o ginásio.
