Clovis perde hoje definitivamente seu trono como o primeiro das Américas. Uma pesquisa publicada na revista Science mostra que sítios desta cultura são mais novos e foram ocupados por menos tempo do que se pensava antes.

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Este não é o primeiro golpe contra esta população de paleoíndios (apelidados em homenagem à cidade onde o primeiro sítio foi achado), que teriam chegado da Ásia ao continente pelo Estreito de Bering. Há 40 anos cientistas mostram outras evidências de povos mais antigos, coletadas no Chile e no Brasil, por exemplo. Mas agora a assertiva vem daqueles que antes apoiavam a teoria.

Os paleontólogos Michael Waters, da Universidade A&M do Texas, e T.W. Stafford, maior especialista do mundo em datação de ossos, refizeram a análise por radiocarbono de 10 dos 22 sítios mapeados desta cultura com muito mais precisão do que há 50 anos. E dizem que este grupo caçador-coletor viveu entre 10.050 e 10.800 anos atrás – antes, o ponto de partida era de 11.500 a 10.900.

Eles também afirmam, para a surpresa dos paleontólogos, que a cultura Clovis foi ativa por apenas 200 anos, o que teria impedido sua difusão pelo restante do continente. ?Este resultado nos forçará a elaborar uma nova teoria sobre a origem do povoamento das Américas?, diz Waters.

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Antes deste estudo, um dos principais obstáculos que Clovis enfrentou foi a descoberta do sítio de Monte Verde, no Chile, datado de 12.500 anos atrás. Tom Dillehay, um dos pesquisadores que o estudaram no fim da década de 1970, lamenta que tantos anos tenham se passado até que Clovis fosse afinal destronado. Mas vê com bons olhos o apoio vir de Waters e Stafford, ?que agora mudaram de idéia e vêem o que os outros enxergam há 40 anos?.

A antropóloga Anna Roosevelt, que há dez anos vê Clovis apenas como um entre muitos grupos adaptados de forma distinta de acordo com as condições enfrentadas, acredita que o novo trabalho possa dar base a seu argumento. ?Isso torna Clovis uma das diversas culturas do Novo Mundo, não a mais antiga?, diz.

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