Os países da União Européia fecham as portas para a carne brasileira alegando problemas sérios no setor da saúde animal. No entanto, como o comércio internacional é uma ampla colcha de retalhos, o Brasil não pode dispensar o trigo produzido pela Argentina, a fim de equilibrar a demanda interna.
Nossos vizinhos, entretanto, estranharam a iniciativa brasileira de zerar a Tarifa Externa Comum (TEC) de 10%, objetivando a negociação de um milhão de toneladas do cereal com países fora do Mercado Comum do Sul (Mercosul).
A Associação Argentina Pró-Trigo, poderoso lobby dos produtores do citado país tornou pública uma nota afirmando não existir nenhum outro país produtor de trigo que ofereça preço mais baixo que o argentino. Além do mais, não há como desprezar o fator distância que sempre influi no custo final do produto, tendo em vista o adicional representado pela remuneração do transporte.
Na quarta-feira, 13, a cotação do trigo argentino era de US$ 370 por tonelada FOB, enquanto o produto norte-americano estava sendo embarcado a US$ 420 por tonelada. Além disso, o auge da colheita de trigo nos Estados Unidos só acontecerá em junho, mas o Brasil precisa do cereal agora.
A produção interna é de 3 milhões de toneladas para um consumo de 10,5 milhões de toneladas anuais. O excedente vem de fora, mas esse ano houve restrições na aquisição do produto argentino, segundo os vizinhos, por razões políticas. Haverá baguetes para todos?