Novadata fornece 22% dos computadores do governo

Dados entregues hoje pelo empresário Mauro Dutra à Comissão de Sindicância aberta na Câmara para investigar as denúncias do "mensalão" mostram que a Novadata, de propriedade dele, é responsável pelo fornecimento de 22% de todos os computadores do governo.

Nos dois anos e seis meses da gestão petista, o faturamento da Novadata duplicou, passando de R$ 142,2 milhões para R$ 337 milhões. Dutra, que é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi chamado a depor para esclarecer as suspeitas de que a empresa se beneficiou, irregularmente, de contratos com os Correios.

Na comissão, o empresário negou essas acusações. "Ao contrário, dos R$ 300 milhões de compras na área de tecnologia feitas pelos Correios em 2003 e 2004, só vendi o correspondente a R$ 15 milhões, ou seja, cerca de 5%", disse. Na fita de vídeo em que aparece, supostamente, embolsando R$ 3 mil, o ex-diretor do Departamento de Contratação e Administração de Material da estatal Maurício Marinho diz que a Novadata foi uma das companhias mais favorecidas nas concorrências da estatal.

"Hoje, os Correios não têm mais importância para a Novadata porque as negociações feitas significam cerca de 3% do faturamento total da empresa", afirmou Dutra. "Só participo de pregões eletrônicos. Os três contratos que tenho com os Correios hoje foram conseguidos desse modo. Isso, depois de vencer concorrentes de peso, como a Itautec, a IBM e a HP." Ele lembrou que a Novadata tem 25 anos e se especializou em vender material de informática para a administração federal, governos dos Estados e prefeituras.

Dutra disse ainda que é ligado a Lula há mais de 20 anos. "Todo mundo sabe que voto no PT. Em outros governos, de outros partidos, nunca fui discriminado. Mas agora não posso mais ter minhas preferências políticas", reclamou o empresário, depois de deixar a sala da comissão, onde depôs por cerca de uma hora.

De acordo com integrantes da comissão, Dutra deu respostas técnicas, mostrou contratos e disse que perde dinheiro. Há cerca de um ano, a organização não-governamental (ONG) Ágora, dirigida por Dutra, foi denunciada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por irregularidades em convênios para uso de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

O empresário disse que nunca ouvira falar em Marinho até o dia em que foi divulgado o vídeo em que ele fala na existência de um esquema de licitações viciadas na estatal: "Não só não sabia quem era, como nunca tinha ouvido falar qualquer coisa sobre esse cidadão." Dutra disse ainda que conhece o tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, mas não o secretário-geral do partido, Sílvio Pereira – este último citado pelo ex-diretor do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios como influente dentro da estatal.

Ao chegar à Câmara, Dutra foi recebido pelo deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF) e declarou que teria, enfim, a oportunidade de se defender. "Até agora, só levei pancada", queixou-se. No momento em que se dirigia à sala, o empresário encontrou-se com o deputado José Dirceu (PT-SP), que se encaminhava para o plenário da Câmara. Dutra e Dirceu abraçaram-se.

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