Com a proximidade da temporada de verão, que inicia dia 21 de dezembro, moradores e veranistas do litoral do Paraná começam a se preocupar com os possíveis problemas que podem vir pela frente.

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A exemplo da temporada passada, a coleta de lixo, má conservação dos calçadões, qualidade da água das praias e até mesmo questões básicas de infraestrutura são os pontos mais reclamados por moradores e veranistas.

Em Matinhos, no litoral do Estado, várias mudanças foram propostas pelo prefeito Eduardo Dalmora (PDT). No entanto, até agora pouco foi feito. A revitalização da orla de Matinhos – que era o carro-chefe das alterações e pretendia construir novos quiosques, nova iluminação, um plano de monitoramento por câmeras, canchas de bocha nas praias, praças para a terceira idade e calçadas em petit pavê – não vingou.

Segundo a moradora Silvia Inês da Cruz, a precariedade do calçadão de Matinhos preocupa. “Poderíamos estar recebendo muito mais turistas na cidade se a região fosse bem cuidada. Não entendo porque tantas promessas, nenhuma é concretizada. Queremos uma solução para a nossa praia”, reclama.

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“Passar com carrinho de criança aqui é um risco. No caminho dos pedestres encontramos pedras enormes que estão fazendo papel de calçada, isso é um risco para a população”, ressalta.

Para a comerciante Elizete Marta Pereira, proprietária de um restaurante em Matinhos, a falta de atenção da prefeitura foi sentida no bolso. “Já desisti depois de reclamar tanto e não ter resposta. Tive que arrumar a calçada e o poste em frente ao meu estabelecimento por conta, senão tudo cairia, a exemplo do que está acontecendo ao lado, onde a calçada não existe mais”, afirma.

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A prefeitura de Matinhos informou que dentre os projetos em andamento para a temporada estão a renovação da frota de veículos, que estava sucateada, e a compra de caminhões para recolhimento do lixo. As obras de engorda da praia estão previstas para começar apenas após a temporada de verão.

No entanto, os problemas apontados pelos moradores e veranistas não se concentram em Matinhos. “Nosso litoral está bastante precário. Conheço muita gente que deixou de frequentar o Paraná e partiu rumo às praias de Santa Catarina, por exemplo. No Paraná parece que estamos abandonados. As mudanças acontecem apenas durante a temporada, fora disso ficamos sempre largados”, afirma o comerciante Durval Ferreira.

Em Guaratuba, a prefeita Evani Justus (PSDB) afirma que um programa de recuperação da orla já está sendo agilizado. “Já demos início à construção de quatro banheiros e estamos em fase final do processo de licitação de dezoito quiosques padronizados. Estamos também realizando melhorias no sistema viário, com a implantação de binários para que o trânsito possa fluir melhor e as pessoas fiquem menos tempo dentro dos carros. Teremos uma cidade mais organizada”, afirma.

Impasse no Balneário Gaivotas

Desde o início do ano, a reportagem de O Estado acompanha o impasse firmado entre a prefeitura de Matinhos, moradores e comerciantes do Balneário Gaivotas. O problema é uma praça, localizada em frente ao Supermercado Quinteto.

No lugar, até o início deste ano, clientes do mercado e frequentadores da praça utilizavam parte do local para estacionamento, pois os comerciantes tinham a autorização do ex-prefeito de Matinhos, Francisco Carlim dos Santos.

No entanto, ao assumir seu mandato, o atual prefeito de Matinhos, Eduardo Dalmora (PDT), passou tratores no local, o que impossibilitou o estacionamento. Em fevereiro e junho, a reportagem de O Estado esteve no local e, nas duas ocasiões, foi prometida a construção de um ginásio de esportes.

O resultado é que, até agora, n,ada saiu do papel. O local continua abandonado e desagradando moradores e comerciantes da região. No entanto, eles não querem um ginásio, e sim um parque para lazer.

“Temos um documento com 1.006 assinaturas de moradores contra a essa construção. Queremos um parque, com área aberta abrigando uma quadra de futebol, duas quadras de vôlei, cancha de bocha, pista de skate, cooper e uma espaço sabedoria. Temos um projeto para isso, que custa R$ 157 mil, mais barato que o de R$ 600 mil apresentado pela prefeitura. Propomos uma parceria público-privada para acabarmos com essa demora e já contamos com empresas da região que são parceiras nesse projeto. Só precisamos da permissão da prefeitura”, afirma Ivan Régis, proprietário do mercado localizado em frente à praça. “Não queremos confrontar o prefeito, muito menos a prefeitura. Queremos uma parceria, que será mais barata, e irá agradar os moradores do Balneário Gaivotas”, ressalta.

Com relação ao impasse, a prefeitura de Matinhos afirmou que, apesar de o local estar aparentemente abandonado, o projeto de construção do ginásio de esportes está em andamento, mas só poderá ser proposto após a prefeitura recuperar a área que havia sido cedida para a iniciativa privada.

Balneabilidade e coleta de lixo preocupam

Além dos problemas de infraestrutura, que competem às prefeituras dos municípios do litoral, situações como a coleta de lixo e qualidade das praias durante a temporada também preocupam moradores.

Para Débora Cavalcanti, que mora em Matinhos há dois anos, a esperança para a próxima temporada é não ver mais montanhas de lixo na esquina de sua casa, localizada no bairro Bom Retiro.

“A coleta de lixo foi uma vergonha ano passado. Ficou tudo acumulado e, quando chovia, enchia de bichos. Isso é um risco para nós. Tivemos até casos de leptospirose entre as crianças”, reclama.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, essa situação não irá atingir o litoral do Estado novamente, pois nessa temporada, assim como nas anteriores, a coleta será terceirizada, mas desta vez sem boicote no processo licitatório, que, segundo ele, causou os problemas.

“Pensamos em passar os equipamentos para as prefeituras para que elas pudessem fazer o serviço, mas é muito caro para o Estado. Portanto, optamos novamente em terceirizar o serviço para a próxima temporada. Este ano programamos tudo com antecedência, não teremos problemas”, garante.

Balneabilidade

A qualidade das praias do Estado também foi apontada como precária pelos moradores. A aposentada Ana Ribeira de Matos, que mora em Matinhos, afirma que, durante a temporada, é impossível entrar no mar nas praias paranaenses sem ficar preocupado com a qualidade da água. “Nossas praias são muito sujas. Isso é péssimo para as pessoas e para o litoral em si, que deixa de receber muita gente por causa da má fama”, reclama.

No entanto, segundo a diretora de meio ambiente e ação social da Companhia Paranaense de Saneamento (Sanepar), Maria Arlete Rosa, várias vistorias de ligações de esgoto estão sendo feitas no litoral.

“Porém, a balneabilidade não depende apenas do tratamento do esgoto. O que nos preocupa é a drenagem da água da chuva, que deverá ser feita pelas prefeituras do litoral. Com a chuva, sem a drenagem adequada, toda a carga orgânica vai para a praia, o que resulta na má qualidade da água”, explica.