Uma denúncia pôs em xeque o funcionamento do programa Bolsa-Família em Francisco Beltrão, no Sudoeste do Estado. Na segunda-feira, Noeli Ribeiro Tozatti, moradora do bairro São Miguel, procurou a Câmara Municipal e revelou que sua família se beneficiava do Bolsa-Família até que, em janeiro, um funcionário da Prefeitura foi até sua casa e pediu o cartão e a senha, alegando que ela teve o benefício cortado por não atender mais os requisitos exigidos. No entanto, o pagamento do benefício não foi cancelado.
Câmeras da agência da Caixa Econômica Federal registraram o momento em que foi feito um saque com o cartão de Noeli. A fita está em Curitiba, sendo analisada.
O prefeito do município, Vilmar Cordasso, informou que todas as medidas já foram tomadas: abertura de sindicância, comunicado ao Ministério Público e à Procuradoria da República, além da criação de uma comissão de investigação. O prefeito acredita que esse seja um caso isolado. "O número de vítimas pode até ser maior, mas creio que o responsável pela fraude seja uma pessoa só."
Mas o vereador Cezar Cabeleireiro (sem partido) defende uma investigação. Ele revelou que já recebeu mais onze denúncias, e disse acreditar na existência de uma "quadrilha" agindo dentro da Secretaria de Ação Social de Francisco Beltrão. O vereador chegou a propor a criação de uma comissão especial na câmara, mas ela não foi aprovada. Para ele, "gente da secretaria influenciou a votação". A idéia de Cezar era de investigar todo o funcionamento do programa, já que, segundo ele, ainda há o fato de muita gente estar recebendo o benefício irregularmente. "Tem comerciante e criador de gado recebendo dinheiro sem precisar", comenta. Francisco Beltrão possui 2.680 cadastros no Bolsa-Família e, só este ano, 300 cartões já foram recolhidos.