Minas dá leite e São Paulo dá café. Esta foi a fórmula milagrosa encontrada por políticos importantes de ambos os estados, nos últimos tempos da República Velha, a fim de estabelecer no exercício da presidência um revezamento entre mineiros e paulistas. Era a chamada política do ?café com leite?, cujos resultados foram evidentes, até que a Revolução de 30 liderada por Getúlio Vargas se apropriou da água fervente para cevar o chimarrão que se prolongou até 1945, no seu período final batizado com o rebarbativo e enganoso nome de Estado Novo.
A relevância histórica de Minas na política brasileira, marcada por personalidades do porte de Gustavo Capanema, Benedito Valadares, Juscelino Kubitschek, Magalhães Pinto e Tancredo Neves, entre outros, depois de um interregno de retumbantes frustrações, parece ter reencontrado na pessoa do governador Aécio Neves um representante à altura das tradições de participação e peso políticos da terra das Alterosas.
Aécio é um dos nomes fortes do PSDB para a sucessão presidencial de 2010, dividindo com o governador paulista José Serra, o outro peso-pesado do grêmio tucano, a responsabilidade de levar o partido a um terceiro e inevitável confronto com as forças ainda arregimentadas em torno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É muito cedo para se saber quem será o candidato presidencial desse ou daquele conglomerado partidário e, em caso mais remoto, se a tradicional aliança entre PSDB e DEM será mantida.
Tanto Aécio quanto Serra evitam o quanto podem discorrer sobre particularidades da sucessão e só concordam em falar sobre o assunto de maneira extremamente vaga e superficial. No fundo, porém, estão atentos às movimentações internas do partido.
O governador mineiro está mergulhado nas eleições municipais de outubro vindouro, investindo pesado nas coligações de seu partido com os parceiros de costume, principalmente o Democratas. Sem dúvida, Aécio está trabalhando a todo vapor para aplainar o caminho e garantir a sobrevida das coligações em 2010, quando elas serão ainda mais importantes e necessárias.