O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou os governantes aliados ao candidato à presidência Geraldo Alckmin (PSDB) a falar dos recursos do governo federal para os seus Estados.
Em discurso num colégio do Rio, em ato para marcar a aliança entre ele e o candidato ao governo do Estado Sérgio Cabral (PMDB), o presidente mandou perguntar ao governador de Minas Gerais, Aécio Neves, se já houve na "história deste País quem ajudasse tanto os pobres" naquele Estado. Também disse para que se perguntasse ao governador de São Paulo, Cláudio Lembro, se algum outro governo federal já fez tanto pela política social em São Paulo.
Ele também afirmou que o prefeito do Rio, César Maia, já disse para alguns ministros que "os presidentes que passaram pelo Brasil nos últimos 20 manos não colocaram o que coloquei no Rio nos últimos 4 anos". No discurso, Lula citou liberações de recursos federais para o Estado do Rio em diversas cidades.
No plano nacional, Lula comparou o seu governo ao anterior: "saímos de R$ 7 bilhões que se gastava em política social neste País para R$ 23 bilhões".
Críticas aos "chiques"
Em tom de ironia, disse ainda que começou a ouvir críticas de pessoas que almoçam e jantam todos os dias. "E possivelmente jogam comida fora, de que estas políticas são assistencialistas." De acordo com ele "as pessoas chiques não sabem o que acontece na periferia".
Lula não citou o nome de Alckmin em nenhum momento, nem fez referências a ele. "Quando meu opositor falar em contenção de gasto corrente, ele está pensando em mandar servidor público embora, em cortar salário", disse Lula. Economistas consideram que o problema de aumentar gastos públicos é que eles precisam ser pagos com o dinheiro arrecadado pelos impostos e a carga tributária alta é um dos fatores que fazem o Brasil ter baixo crescimento econômico.
Ele afirmou também, em resposta às críticas que tem recebido: "Falam que eu quero dividir o Brasil entre ricos e pobres. Não, quero o Brasil só de ricos". Ele, porém, fez diversas críticas aos ricos e às "pessoas chiques".
"Quando um aristocrata da fina flor deste País lembraria que Nova Iguaçu pode ter universidade? Queremos construir uma universidade em cada cidade pobre deste País, porque fica mais barato do que construir Febem", numa crítica velada ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Segundo lula, "o problema não é entre Sérgio Cabral e a adversária (Denise Frossard, do PPS), não é entre presidente Lula e um adversário". Enfatizou que "o problema é que estamos com dois projetos para este País".
Tentando forçar uma comparação entre o governo Fernando Henrique Cardoso com o que seria um eventual governo do Alckmin e o seu governo, Lula afirmou que um dos projetos "em 2002 tinha acabado com grande parte do patrimônio público deste País".
De acordo com Lula, o governo anterior "vislumbrava um Brasil sendo governo para apenas 40 milhões de habitantes". "Nós interrompemos este projeto", em referência ao fato de que o Brasil tem 180 milhões de habitantes. Ele disse ainda que tem orgulho dos quatro anos do seu governo, mas que precisa "de muito mais para poder fazer a justiça social que o Brasil precisa". Ao final de seu discurso, Lula pediu votos para Cabral.