Domingo passado, aqui neste espaço, eu procurei uma explicação para a cobrança das duas praças de pedágio no trecho entre Curitiba e Ponta Grossa (100 km) a um custo total de R$ 8,20, e uma única praça entre Curitiba e litoral (100 km), ao custo de R$ 6,20. Distâncias iguais e preços diferentes. Citei a Rodonorte, responsável pelo trecho de Curitiba a Ponta Grossa e a Ecovia, que administra o trecho entre Curitiba e o litoral.

Esta semana a assessora de Comunicação Social e Relações Institucionais da Rodonorte, Simone Suzzin, tentou explicar o assunto. Mas confesso que ainda tenho esta e outras dúvidas para serem sanadas. Ela diz: Os valores das tarifas de pedágio variam de acordo com a área de abrangência das praças. Ora, se a área de abrangência é igual, os preços deveriam ser iguais e não caberia jamais a existência de duas praças num trecho e apenas uma no outro.

E fala mais adiante: A base principal é o custo por quilômetro (pista simples e pista dupla) e os valores são decorrentes de cálculos efetuados para cobrir os investimentos necessários para as rodovias. Os dois trechos possuem pista dupla e não vejo por que os investimentos para cobrir um e outro trajeto sejam excessivamente desiguais. Aliás, se analisarmos bem, entre Curitiba e Paranaguá o trecho é muito mais usado por caminhões na época de safra do que o entre Curitiba e Ponta Grossa, já que o acesso ao litoral também recebe todo o volume de tráfego que passa por Ponta Grossa, além daquele que vem do Oeste, Paraguai e Mato Grosso, só para citar alguns. Quero crer que só isso faz com que o desgaste das pistas conservadas pela Ecovia é muito maior, sem querer absolutamente defender que o valor cobrado pela Ecovia seja justo ou aceitável. E olhe que nem citei as temporadas de verão.

A assessora até cita: Diversas variáveis compõem o custo por quilômetro, que foi calculado através de uma planilha que considerou valor e prazo dos investimentos necessários, tipo de concessão, fluxo médio diário de veículos e serviços oferecidos aos usuários.(o sublinhado é meu)

Ela também deixa claro que o sistema de pedágio é seletivo e discricionário: só paga quem usa as rodovias e quem usa vê os benefícios. Foi esta forma que os governos entenderam ser a mais adequada para preservar as rodovias e livrá-las de um inevitável colapso que só traria prejuízos para a toda a população.

E também afirma: O valor do pedágio entre Ponta Grossa e Curitiba é decorrente de cálculos efetuados para cobrir as despesas deste trecho, que não são as mesmas do trecho Curitiba / Paranaguá, pelas suas características como investimentos necessários, fluxo de veículos, infra-estrutura para atendimento ao cliente (número de veículos e pessoas especializadas), etc.

Penso que o tiro da assessora da Rodonorte sai pela culatra. Além de não justificar os R$ 2,00 a mais que são cobrados entre Curitiba e Ponta Grossa, ainda traz outros problemas que o pedágio nos oferece, como custos desiguais para manutenção de trechos iguais, planilhas diferenciadas para situações semelhantes e outros tantos cálculos que poderão ser melhor apreciados por técnicos, já que o meu comentário é apenas do ângulo de usuário e de leigo na questão.

A única conclusão que posso tirar disso tudo é comparando o caso com aquele comercial de TV, onde uma velhinha consegue abrir um copo de liquidificador, que vinha sendo tentado por dois jovens, insistentemente. Ela abre e conclui: “Sou velha, mas não sou burra… e nem surda”. E eu digo: sou leigo, mas pago o pedágio, como outros usuários, e portanto tenho direito de protestar.

Osni Gomes (osni@pron.com.br) é editor em O Estado e escreve aos domingos neste espaço.

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