Assim como o pai Walter fez em 1980, Ugo Casagrande, centroavante, 17 anos, espera em 2007 brilhar na Copa São Paulo de Juniores. Mas não no Corinthians, time onde Casão fez história. Ironicamente, Ugo dá seus primeiros passos no futebol no arqui-rival Palmeiras
"Para mim isso é normal. Jogo no Palmeiras, como poderia jogar em qualquer time", explica o atacante, sem a inibição comum em seus jovens colegas.
E Ugo parece ser sincero. Embora tenha um sobrenome ligado ao maior rival palmeirense, o jogador não demonstra ter fortes sentimentos em relação ao time do Parque São Jorge.
"Na verdade era até são-paulino quando criança. Mas hoje só torço pelo Palmeiras", garante. Além disso, Ugo mostra uma forte ligação com a Itália, a segunda (ou até primeira) pátria dos palmeirenses
"Estou no time certo. Sou italiano. Nasci em San Benedetto, província de Ascoli, quando meu pai jogava lá", conta o atacante.
Com apenas três anos Ugo veio morar no Brasil. E, embora tenha esquecido totalmente a língua de Totti e Cannavaro – "só sei falar mamma mia e madonna" -, manteve a admiração por sua terra natal
"Torço para a seleção italiana. Esse ano vibrei muito com a conquista da Azurra. Já dizia, antes da Copa, que a Itália seria campeã. Todos aqui brincavam comigo, dizendo que era impossível" conta.
Ugo ficava tão irritado com as brincadeiras dos colegas, que às vezes saia do treino sem falar com ninguém. "Mas depois, quando a Itália conquistou a Copa, foi a minha vez de extravasar.
A admiração de Ugo pelo futebol italiano vai além da seleção tetracampeã do mundo na Alemanha. Quando cita os seus ídolos no futebol, a maioria joga ou já jogou no Calcio. "Batistuta, Totti Zidane, Luca Toni, Ibrahimovic. Gosto também de alguns zagueiros. Do Maldini, do Nesta…". O ex-são-paulino Luís Fabiano foi o único jogador citado por Ugo que jamais jogou na Itália
Com tanta veneração não é de se espantar que o grande sonho de Ugo seja um dia jogar na Itália. "De preferência no Milan ou na Juventus, times que mais admiro. Queria também um dia poder defender a Azurra", afirma o jogador, que se considera um jogador de "estilo italiano, mas com habilidade brasileira".
O técnico do time júnior do Palmeiras, João Carlos Grandini, concorda. "É um jogador que tem muita presença de área, finaliza e cabeceia bem. Tem muita garra também. Estava encostado quando cheguei no Palmeiras, em Junho, e acima do peso. Estamos fazendo um trabalho de recuperação, pois vimos potencial nele", explicou
Hoje, no amistoso contra o Santo André (4 a 1, para o Palmeiras) "Casinha" entrou no segundo tempo e não fez muita coisa. Embora dissesse o contrário, talvez estivesse um pouco preocupado com o estado de saúde do pai, internado na última terça-feira, com um princípio de enfarte. "Acho que foi só um susto. Ele já está melhor", revelou