O rei dos animais perdeu a majestade. Pelo menos no Brasil. Os leões, outrora a estrela maior dos circos, estão sendo abandonados pelo caminho. Um levantamento recém-concluído do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) revela que existem 68 leões sem teto no País.
Um dos últimos abandonos ocorreu no fim do ano passado, quando a polícia recebeu a denúncia de que havia um bando de leões na beira de uma estrada de Uberaba (MG). No lugar de feras, os policiais encontraram cinco melancólicos animais.
A rejeição é resultado do surgimento de leis municipais e estaduais que proíbem os animais em circos. Há pelo menos 15 projetos de lei no Congresso para estender a proibição a todo o País.
A justificativa está no fato de que a maioria dos circos, sem dinheiro, não oferece tratamento adequado aos animais. Fora dos holofotes, os leões são confinados em pequenas jaulas e a alimentação é insuficiente – a dieta deveria incluir ao menos 6 kg de carne por dia.
Sem emprego, são resgatados por prefeituras e pela polícia. Até que o Ibama lhes dê um abrigo definitivo, ficam em jaulas improvisadas e até em delegacias. Não podem simplesmente ser soltos na natureza, pois, além de perigosos, não fazem parte da fauna brasileira. Restam, então, três opções: mandá-los para zoológicos, entregá-los a criadores particulares ou embarcá-los de volta para a África. Até a hipótese de sacrificá-los já foi cogitada.
No ano passado, dez leões foram repatriados. O Ibama os enviou a um zôo da África do Sul. Entidades de defesa dos animais suspeitam que estejam mortos hoje, abatidos em campos de caça – fracos, são alvos fáceis.
Para evitar a reprodução, o Ibama pretende criar normas que obriguem circos, zoológicos e criadores a fazer vasectomia nos animais. A importação também deve ser proibida. "Já não permitimos a importação, mas não existe marco legal", diz João Moreira Jr., um dos coordenadores de fauna do Ibama.
Para a diretora no Brasil da entidade de defesa dos animais WSPA Elizabeth MacGregor, o ideal é que não haja nenhum leão no País. "Lugar de animal selvagem é no hábitat de origem.
Isso, segundo ela, vale também para outros "estrangeiros", como tigres, ursos, lhamas e elefantes.