O elevado nível de utilização da capacidade instalada da indústria não preocupa no que diz respeito à garantia de oferta para atender à demanda do consumo interno, segundo avalia o economista Paulo Mol, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). No início da próxima semana, a instituição divulgará os indicadores de vendas industriais relativos a abril. Em março, o uso de capacidade instalada do setor atingiu, em termos dessazonalizados, 81,7%, segundo divulgou a CNI no início de maio. O nível é considerado elevado mas, de acordo com Mol, os dados de produção e importação de bens de capital mostram que as empresas estão se preparando para ampliar a capacidade produtiva com novos investimentos.
Além disso, segundo ele, o "novo ciclo de crescimento" da atividade industrial iniciado no ano passado difere, no que diz respeito ao uso de capacidade, do cenário de 2004, quando a economia estava bem aquecida. Naquele ano, como lembra Mol, o ritmo de elevação da utilização de capacidade era muito mais forte do que agora. Em 2007, ao contrário, o ritmo de aumento "é gradual e há tempo para investimentos e ampliação do parque produtivo".
Outra diferença observada por Mol entre 2004 e este ano é que, enquanto naquele momento o aumento de utilização era generalizado entre os setores, agora está mais concentrado em alguns grupos, entre os quais há indústrias que normalmente mantêm um nível elevado, como metalurgia básica (90,6% em março) e papel e celulose (89,6%).
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) também divulgou hoje um nível de utilização de capacidade elevado para a indústria de transformação que, na série com ajuste sazonal da Sondagem da Indústria de Transformação, chegou a 84,5% em maio deste ano, nível bem superior ao apurado em maio de 2006 (82,7%).