Apesar do início das chuvas no Sul do País, a situação dos reservatórios das hidrelétricas da região ainda é crítica e levou o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a suspender a geração na usina de Barra Grande, no Rio Pelotas, divisa entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. O presidente do ONS, Hermes Chipp, disse que o nível dos reservatórios do Sul aumentou em relação à semana passada, mas que o abastecimento da região continua sendo feito em esquema de emergência.
"A usina de Barra Grande está com um nível de armazenamento de água muito baixo, em torno de 4%, e só pode gerar nos dias em que há alguma água", informou o presidente do ONS. Com potência de 690 megawatts (MW), Barra Grande foi inaugurada no início do ano, depois de muita polêmica em torno do alagamento de florestas nativas de araucárias. A usina é controlada pelos grupos Camargo Corrêa, Alcoa, Companhia Brasileira de Alumínio, CPFL e DME Energética.
O presidente do ONS disse que há diversas frentes frias passando pelo Sul, mas nenhuma delas tem provocado chuvas nos reservatórios das usinas da região. O Planejamento Mensal da Operação do setor trabalha com a estimativa de um volume de chuvas equivalente a 18% da média histórica da região. Por isso, o operador do setor elétrico mantém nos níveis máximos a transferência de energia de outras regiões e a geração térmica a carvão. As hidrelétricas locais estão sendo usadas apenas para complementar o abastecimento do mercado, informa o presidente da entidade.
A determinação é economizar o máximo de água possível para tentar restabelecer níveis de armazenamento mais seguros. Segundo Chipp, os reservatórios das usinas do Sul estão com um índice médio de armazenamento de energia na casa dos 30%, um avanço em relação ao pior índice atingido este ano, de 26%. "A situação está um pouco melhor, mas vamos manter a estratégia de evitar o esvaziamento dos reservatórios", destacou o presidente do ONS.
Chipp informou que o vazamento na usina de Campos Novos, na semana passada, permitiu o enchimento do reservatório de Machadinho, usina considerada importante para o abastecimento da região no horário de ponta, mas que também enfrentava restrições para operar por falta de água. Machadinho fica logo depois de Campos Novos, no rio Canoas, e está acumulando a água que vazou desta última usina.
"É ruim para os controladores da usina, mas neste momento resolveu um problema do sistema como um todo", apontou. Mesmo assim, a área técnica do ONS determina que a geração em Machadinho priorize o horário de ponta, para evitar novo esvaziamento e possíveis paralisações no futuro.