Fortaleza – O tráfico de seres humanos para fins sexuais é uma realidade ainda pouco conhecida da maioria das pessoas: até mesmo os profissionais que atuam em áreas sensíveis como turismo têm uma visão equivocada do problema. Essa é uma das conclusões da "Pesquisa Nacional sobre o Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes (Pestraf)", divulgada hoje (26). Os dados divulgados em Fortaleza mostram que houve uma mudança ? para melhor ? no grau de percepção do problema por parte daqueles que trabalham na área de turismo.

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O estudo tem como objetivo balizar as ações do Programa de Fortalecimento das Estratégias de Enfrentamento do Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes no Brasil, uma parceria do governo federal com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O governo é representado por Ministério da Justiça, secretarias nacionais de Justiça e de Segurança Pública e Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

Segundo a coordenadora do programa, Márcia Cristini, isso mostra a importância da informação no combate a esse tipo de crime. "Se a gente investir na informação, a ocorrência desse crime tende a reduzir. É lógico que há a situação sócio economia das famílias que é prioridade em qualquer atendimento, mas a informação é capaz de mudar", disse.

O programa está sendo implementado pela ONG cearense Associação Curumins, responsável pela primeira campanha massiva no ano passado contra o turismo sexual em todo o Nordeste. No Ceará, foram ouvidos 50 turistas, estrangeiros e brasileiros, e 50 profissionais entre taxistas, recepcionistas de hotéis, barraqueiros de praia, vendedores e artesãos. Uma das perguntas visava a saber como os entrevistados vêem as pessoas que vão trabalhar fora do Brasil. Antes da campanha nenhum deles associou a migração com o aliciamento e o tráfico para fins sexuais. Depois da campanha, 23% dos entrevistados identificaram esse crime como motivo da viagem. O índice de profissionais de turismo que nunca tinham sido informados sobre o tema caiu de 14% para 6%.

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A pesquisa também aponta que, para a maioria, o turista sexual vem principalmente da Itália, de Portugal, Holanda e Espanha ? uma lista que coincide com a dos turistas que mais visitam o Ceará, segundo dados da Secretaria de Turismo do estado.

Cristini lembrou que das 321 rotas de tráfico de mulheres, crianças e adolescentes apenas 131 são internacionais. As outras estão dentro do território brasileiro, entre estados e entre cidades. Daí a necessidade de se intensificar a fiscalização não apenas nos aeroportos, nas saídas e chegadas dos vôos, mas nas rodovias.

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Ela explicou que o programa de combate ao tráfico de pessoas começou em julho de 2005 e vai até o Carnaval, quando será realizada a última campanha. O custo total, segundo ela, é de R$ 18 mil.