O ministro Nilmário Miranda, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, disse não ter dúvidas de que o fazendeiro Adriano Chafik foi o mandante do ataque "premeditado" de pistoleiros a um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na zona rural do município de Felisburgo (MG), no sábado. A ação resultou na morte de cinco sem-terra e deixou 14 trabalhadores feridos. Segundo Nilmário Miranda, há suspeitas de que o fazendeiro teria, inclusive, participado da chacina. "Há indícios bem fortes de que ele próprio participou não só da premeditação, como do próprio ato da chacina e do massacre", salientou.

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Segundo o ministro, cinco suspeitos de terem participado da chacina já foram presos. De acordo com ele, a Justiça mineira expediu sete mandados de prisão de outros envolvidos. Entre os procurados estão o fazendeiro e o seu primo, o ex-policial civil Calixto Luedy, que, conforme Nilmário Miranda, teria "comandado o ataque". As polícias Federal e de Minas estão à procura dos suspeitos. "Acredito que não haverá impunidade para uma única pessoa que participou desse ato selvagem", afirmou Nilmário.

O ministro destacou que há um grande volume de informações que indica o envolvimento direto do fazendeiro no massacre dos sem-terra. "Havia uma única pessoa encapuzada, todas as demais se apresentaram sem capuz, abertamente. Acho que a crença na impunidade é tão grande que eles não tomaram o cuidado sequer de buscar esconder suas identidades", criticou.

Para ele, a responsabilidade dos suspeitos é ainda maior porque o crime foi planejado com antecedência. "Ele [Chafik] se movimentou na véspera para a preparação desse atentado, que foi uma atuação cruel e hedionda porque foi planejada e premeditada friamente". Segundo Miranda, antes do assassinato, testemunhas viram Chafik nas imediações da fazenda onde o acampamento se localiza, a cerca de 18 quilômetros da cidade de Felisburgo. "O acesso é muito difícil, as estradas estão muito degradadas pela chuva", observou. De acordo com Nilmário, outro fator que pesa contra o fazendeiro é que ele teria usado a própria caminhonete para levar os pistoleiros ao local onde houve o massacre.

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O ministro chamou a atenção para a importância de um inquérito policial bem feito, que contenha provas periciais e materiais, além de depoimentos, apontando a participação do fazendeiro. "Temos que ter paciência. Ter um inquérito bem feito é condição para a propositura de ação penal pelo Ministério Público e para uma condenação na Justiça que seja exemplar", reforçou.

Nilmário Miranda disse ainda que não vê no massacre o início de uma onda de atentados promovidos por fazendeiros contra trabalhadores rurais sem-terra. Para ele, a contratação de milícias privadas por proprietários rurais é "a tendência dos que não querem de forma alguma a reforma agrária e o fim do latifúndio, porque não querem justiça social no país". Segundo o ministro, o Estado está atento a essa questão. "A Agência Brasileira de Inteligência e a Polícia Federal fizeram levantamentos para identificar essas milícias", informou.

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