Croquis originais de três obras de Oscar Niemeyer, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o sambódromo do Rio e a reforma do Palácio do Planalto, em Brasília, assinados por ele, podem ir a leilão para pagar uma dívida trabalhista de R$ 58. 380,00 com Olga Perez Alonso, ex-funcionária da unidade da Fundação Oscar Niemeyer que fica no complexo cultural da Praça Três Poderes, em Brasília. A ordem para a penhora partiu da 8ª Vara do Trabalho do Rio, para atender a uma ação que corre na 14ª Vara do Trabalho de Brasília. Se leiloados, será a primeira vez que se venderão publicamente croquis de obras projetadas pelo arquiteto e assinadas por ele.

continua após a publicidade

Devido ao ineditismo, é difícil estabelecer se o valor atinge ou ultrapassa a dívida. Em leilões de arte, gravuras dele ficam em torno R$ 3 mil, dependendo da série. Segundo o leiloeiro de arte e antiguidades Luiz Fernando Dutra, de São Paulo, por se tratar de originais de obras muito conhecidas, "devem ser muito interessantes", avaliou. "Mas sem vê-los é difícil estabelecer um preço, já que não há uma correlação", ressaltou Dutra. "Que eu saiba, nunca foram vendidos originais de projetos de Oscar Niemeyer. Se colocados em leilão, são considerados obras de arte contemporânea e não documentos históricos.

O diretor da Fundação Oscar Niemeyer, Alan Guerra, explica que a instituição não tem vínculo direto com o escritório do arquiteto e que o acervo de croquis e rascunhos dele nunca foi colocado à venda. "Se houver algum em oferta, nos esforçaremos para adquiri-lo", disse, ressaltando que tenta, sem sucesso, parcelar o pagamento da dívida com Olga para não dispersar o acervo. "Estes croquis estão aqui, por determinação judicial. Mas não são únicos, pois cada obra tem muitos croquis, devido ao cuidado de Niemeyer com seu trabalho.

Segundo informações dos Tribunais Regionais do Trabalho em Brasília e no Rio, a ação teve início em outubro de 2003. O advogado de Olga Alonso no Rio, Fernando Waitz, se diz eticamente impedido de falar sobre o processo, mas o site do TRT informa que o mandado de penhora e avaliação data de março do ano passado e que falta a Fundação Oscar Niemeyer pagar o perito para fazer a avaliação e, a partir daí, proceder o leilão, que ainda não tem data à vista. Caso ocorra, os desenhos poderão ser vendidos a instituições nacionais ou estrangeiras, pois a lei brasileira só impede a saída do País de obras de arte do período colonial e do Império.

continua após a publicidade