São Paulo – O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse hoje (2) que esteve presente na reunião de ontem entre diretores do BC e analistas do mercado e que nenhum dirigente da instituição criticou a metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na apuração do Produto Interno Bruto (PIB) trimestral. "Não sei de onde surgiu esse comentário, mas certamente nenhum diretor do BC expressou essa opinião", declarou Meirelles, ao término de workshop que discutiu perspectivas de investimentos no País.
Meirelles disse que a queda de 1,2% do PIB no terceiro trimestre não é conflitante com a expectativa do BC porque a instituição não faz previsões sobre o desempenho trimestral da economia.
Para ele, três fatores explicam basicamente a contração da atividade no período: a) ele admitiu que parte da retração é efeito da política monetária; b) a economia sofreu retração em razão das incertezas causadas pela crise política, que levaram muitas empresas a adiar encomendas e promover recomposição de estoques; e c) a queda do PIB agrícola, com redução importante da produção de commodities que têm peso forte na apuração do PIB.
"A queda do PIB não representa uma tendência", sustentou o presidente do Banco Central, explicando que os indicadores de novembro já apontam uma recuperação da atividade econômica. Para Meirelles, o resultado do terceiro trimestre não interromperá a tendência anterior de oito trimestres consecutivos de expansão econômica.
Negando-se a comentar sobre uma possível aceleração na trajetória da queda dos juros em razão do resultado do PIB, Meirelles disse que o importante é ter um crescimento sustentado. "Nós queremos o maior crescimento possível para o Brasil. Entretanto, o importante é que tenhamos uma rota sustentada de crescimento", disse, lembrando que, no passado, o Brasil oscilava entre anos de crescimento e outros de recessão e crise. "Temos de ter crescimento todo ano, seja um ano mais baixo e outro mais alto", afirmou.