Nelson Jobim diz que deixará STF em março mas nega candidatura

Após receber uma série de críticas pela atuação política na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Nelson Jobim confirmou hoje que deixará a Corte em março, mas afirmou que não será candidato nas eleições deste ano.

"Estou indo para a vida privada", afirmou. "Não serei candidato", disse. "Sou candidato a advogado", acrescentou Jobim que, recentemente, concedeu liminares suspendendo quebra de sigilo decretada por comissões parlamentares de inquérito (CPIs) beneficiando, até mesmo o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Paulo Okamotto, que é amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nos últimos dias, o presidente do STF foi criticado até por integrantes do tribunal segundo os quais o comportamento dele poderia provocar a abertura de um processo de impeachment. Colega de Jobim no Supremo Tribunal, o futuro presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Marco Aurélio Mello, disse que "a toga não pode ser utilizada visando chegar ao cargo buscado, ao cargo eletivo".

O presidente do Supremo foi obrigado a revelar os planos durante uma audiência pública ocorrida hoje na Câmara para a qual foi convidado com o objetivo de discutir a proposta de emenda que prevê a realização de uma revisão constitucional. Jobim foi provocado pelo deputado Alceu Collares (PDT-RS) que indagou se ele seria ou não candidato. À pergunta, Jobim respondeu: "Estou indo para a vida privada. Não se preocupe, não estou indo para a disputa em Bagé (RS)." Collares, que da cidade, disse: "Estamos aliviados." O presidente do Supremo, retrucou: "Por que? Teria medo que eu ganhasse?" O deputado do PDT do Rio Grande do Sul respondeu: "Não. Tinha medo de continuar a confusão."

Ao sair da reunião, Collares declarou que, ao falar em confusão, se referiu à proibição de Jobim ser candidato e, ao mesmo tempo, exercer a função de ministro do STF. "Isso desmoraliza o Judiciário", garantiu. "Se ele quiser ser candidato, tem de renunciar ao mandato de presidente do Supremo Tribunal Federal", acredita. Sobre se se convenceu com a resposta de Jobim, Collares acentuou: "Ele não tem nenhuma resposta de convencimento."

Jobim reafirmou ao fim do encontro que não será candidato, mas não quis dizer se se filiará ao PMDB, partido pelo qual foi deputado. "Sou candidato a advogado", limitou-se a responder. Sobre se irá para a legenda após deixar o STF, o presidente do Supremo acrescentou: "Vocês vão ver em março."

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