Em mais uma tentativa de superar o clima de incertezas, o debate entre o
Mercosul e União Européia (UE) para um acordo comercial será retomado amanhã(21)
em Bruxelas. O objetivo é preparar um mandato negociador ao processo. Na capital
da UE, diplomatas europeus acusam o Mercosul de estar fazendo as negociações
"andarem em círculos". Para o embaixador Régis Arslanian, que lidera a delegação
brasileira, o processo negociador precisa ser delimitado e alguns parâmetros
estabelecidos antes que novas ofertas de liberalização sejam feitas entre os
blocos.

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As conversações entre Mercosul e UE deveriam ter sido concluídas
em 2004. Mas a falta de entendimento impediu o acordo. Em janeiro, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou sua passagem pelo Fórum Econômico de Davos
para se reunir com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso. Os
dois se comprometeram a avançar com o processo para uma conclusão até o fim do
ano. Há três semanas, Brasil e UE estabeleceram que o entendimento poderia ser
reiniciado a partir das melhores ofertas de abertura realizadas.

Mas
diferenças no próprio Mercosul impediram o bloco de aceitar, por enquanto, a
proposta de reiniciar a negociação a partir dessas melhores ofertas. O Mercosul
acredita que a melhor oferta dos europeus ocorreu durante reunião em Brasília e
nunca foi posta no papel. Os europeus alegam que estariam prontos para montar,
nos próximos dias, uma nova oferta de liberalização que reúna os melhores
aspectos de cada uma das ofertas já feitas por Bruxelas.

A recusa do
bloco em aceitar a retomada das negociações a partir das ofertas deixou os
europeus desapontados e com dúvidas sobre o compromisso do Mercosul de concluir
o acordo em 2005. "A negociação não consegue encontrar seu ponto de partida"
afirma um responsável da UE pelas negociações agrícolas.

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O Mercosul,
portanto, optou por levar a Bruxelas a proposta de uma agenda e parâmetros para
o processo. O objetivo do bloco seria lidar com pontos sensíveis que precisariam
de orientação política para solução. Em abril, os ministros dos dois blocos se
reunirão para fechar um entendimento sobre essas questões espinhosas e
possibilitar que novas trocas de ofertas ocorram.