Poucas cidades têm uma variedade de tradições natalinas como Curitiba.
Nossa terra de todas as gentes tem personalidade própria, acentuada por forte influência européia. Os grupos étnicos mais numerosos que entraram em nossa Região Metropolitana foram os poloneses, ucranianos, alemães e italianos. E o Paraná tem a maior concentração de eslavos (poloneses, ucranianos, russos) da América Latina. Aqui se come broa com vina, se toma coalhada, se come charuto de repolho com raiz forte e apffelstrudel.
E o Natal, que festa! Junte as luzes e sons da Alemanha, o presépio português, a mesa polonesa, e já teremos uma amostra.
As árvores de Natal, os autos, as cantatas, todas as tradições trazidas a bordo de caravelas ou de navios de imigrantes estão presentes nessa data.
Em Portugal, nas regiões montanhosas onde há frio intenso e a neve cai em abundância, abre-se o presépio à meia-noite, quando as crianças, bem agasalhadas, lembram do frio que sentiu o Menino Jesus. A Consoada acontece então, como uma ceia de abstinência.
Da Alemanha, herdamos o tannenbaum, a árvore de Natal enfeitada e iluminada para espantar o tenebroso e escuro com o esplendor das luzes. Foram os vidreiros da Turíngia que descobriram o método de soprar bolas de vidro. E os filetes dourados, conhecidos como lameta.
Quando termina a vindima nos vales do Reno e do Mosel quer dizer que o Dia de São Martinho, 11 de novembro, se aproxima. Desfiles com lanternas de papel alegram os povoados. A partir de 26 de novembro começa o período do advento. A coroa do advento, com quatro velas que são acesas a cada domingo, serve também para proteger as casas. Assim como escrever as letras das iniciais dos nomes dos três reis magos atrás da porta principal.
Hoje São Nicolau, o bom bispo que, portando uma sineta, presenteava as crianças bem comportadas, foi substituído por Papai Noel. Mas aqui mesmo ou em Marechal Mallet ou São Mateus do Sul, ao entardecer as famílias de origem polonesa se reúnem à mesa coberta por toalha branca e o mais jovem da família acende as velas. Come-se então o makowki, massa de pão umedecida no leite e com uma mistura de semente de papoula, baunilha, passas e nozes. Acontece também a kolendy – visitas de grupos de jovens que cantam e rezam desejando feliz Natal.
Um misto de história, lendas e costumes das mais diversas regiões do globo se funde em nosso Natal paranaense, e o sentimento de paz, amor e esperança presente nas confraternizações familiares permanece nessa época lembrando que todos desejam e merecem um feliz Natal!
Zélia Sell
é diretora de Pesquisa e do Departamento de Genealogia e História da Família do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e produtora e apresentadora do programa Nossa História, da Rádio Educativa.