O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta terça-feira (27), em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que os movimentos dos mercados verificados hoje devem ser encarados como um aviso de que não se pode pautar uma política econômica em uma situação transitória. "Temos que ter prudência, nas palavras do Banco Central: parcimônia", disse Meirelles.

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Ele informou aos parlamentares que em razão da queda de 8% da Bolsa de Xangai hoje, o risco Brasil estava em 190 pontos, a Bovespa caía 4,5% e o dólar estava cotado a R$ 2,11. Ele também disse aos parlamentares que em todo o mundo houve uma reação negativa ao comportamento da Bolsa de Xangai.

O presidente do BC disse que a Nasdaq abriu em queda de 1,9%, que a Bolsa do México estava em queda de 4,5% e a da Argentina, de 3,4%. Segundo Meirelles, as moedas dos principais países emergentes também foram afetadas pela queda da bolsa chinesa. Também disse que a queda da Bolsa de Xangai provocou um aumento da aversão ao risco.

Ele afirmou ainda que o comportamento do câmbio hoje é uma boa lembrança ao mercado de que a taxa de câmbio se move em duas direções, seja para cima ou para baixo. "Não existem movimentos unilaterais na taxa de câmbio", frisou.

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Meirelles comentou que essa oscilação do câmbio pode mostrar que algumas apostas (sobre o dólar abaixo de R$ 2,00) podem estar erradas e gerarem prejuízos. Ele afirmou que a idéia de se tentar controlar a taxa de câmbio é algo que tem um custo muito elevado e que ele considera que é praticamente inviável.

Ele também explicou aos parlamentares que as intervenções do Banco Central na taxa de câmbio tem como objetivo tentar corrigir distorções de mercado.

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Juros

O presidente do BC afirmou aos senadores da CAE que a redução do ritmo de queda da taxa básica (Selic) de juros, estabelecida na mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, do BC), aumenta a probabilidade de crescimento da magnitude dos cortes futuros. O Copom volta a se reunir na próxima semana, nos dias 6 e 7 de março.

Para Meirelles, essa mensagem estaria clara na ata mais recente divulgada pelo Banco Central. Em resposta a uma intervenção do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), presidente da CAE, Meirelles afirmou que o problema do Brasil não é a inflação e, muito menos a inflação baixa.

O senador, momentos antes, havia defendido a necessidade de a inflação no Brasil não ficar tanto tempo abaixo da meta central, para que o País não fique vulnerável à arbitragem de juros e possa aumentar o ritmo de queda dos juros. Meirelles disse que em 55% do tempo os países emergentes industrializados ficam com a inflação abaixo da meta central e que, portanto, o Brasil estaria dentro desse perfil.

O presidente do BC respondeu a uma outra crítica de Mercadante, que havia lido trecho de uma carta aberta do BC enviada ao CMN (Conselho Monetário Nacional). No trecho, o BC afirma que uma desinflação muito rápida provocaria uma queda do PIB (Produto Interno Bruto).

Meirelles explicou que a carta foi elaborada em um momento distinto do atual. Lembrou que, em maio de 2003, a inflação era de 17%, e a meta de inflação era de 4%. "Era uma desinflação muito agressiva, e, então, propusemos ao CMN uma trajetória mais suave", relatou.