Praça Tiradentes

Não houve falha mecânica em acidente com ônibus

Laudo divulgado ontem pela Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran) apontou que não houve falha mecânica no acidente envolvendo o Ligeirinho Colombo/CIC, no último dia 10 de junho, na Praça Tiradentes, centro de Curitiba.

Com essa constatação, a culpa pelo acidente que matou duas pessoas e deixou outras 32 feridas fica para o motorista do ônibus, José Aparecido Alves. De acordo com o delegado Armando Braga, da Dedetran, o laudo foi dividido em duas partes, uma envolvendo o local de morte e outra a perícia mecânica do veículo.

“O laudo do local de morte trouxe que o Ligeirinho, quando saiu do ponto que estava parado, já com José Aparecido Alves na direção, colidiu levemente com outro ônibus parado no ponto seguinte”, explica.

Segundo ele, isso justifica o relato de alguns passageiros que afirmaram ter ouvido um estalo dentro no ônibus logo após a partida. Após essa pequena colisão, o ônibus seguiu, bateu no táxi, no Peugeot 207 e depois na loja de departamentos.

“Só conseguimos a informação da batida no outro ônibus por conta da perícia, pois no momento ninguém falou sobre isso. As testemunhas disseram apenas ter ouvido o estrondo”, relembra.

O desespero gerado pela primeira batida pode ter culminado com a sequência que terminou na morte de duas pessoas em frente à loja de departamentos. De acordo com o laudo, ao bater no veículo Peugeot 207 o ônibus estava a 56 quilômetros por hora (Km/h) e, quando colidiu com a loja de departamentos, 46 Km/h.

Já no segundo laudo, que envolve a perícia técnica do veículo, foi contatada a falha humana. “O laudo, feito criteriosamente por nove integrantes de uma equipe técnica do Instituto de Criminalística do Paraná, apontou que o sistema de freio, aceleração, direção e elétrico estavam em perfeito funcionamento”, revela Braga.

Foram feitas várias verificações com o próprio veículo envolvido no acidente. “Isso envolveu testes de frenagem, engate e desengate da caixa de câmbio e outras simulações, tais como o ônibus acelerado no máximo e freando ao mesmo tempo”, diz.

Nesse último teste, por exemplo, o sistema de freios mostrou-se eficiente, pois, segundo o laudo, os freios funcionaram e conseguiram parar o veículo. “A falha mecânica está totalmente excluída. Sendo assim, resta somente a falha humana”, afirma.

Na época do acidente foi levantado ainda um possível mal súbito sofrido pelo condutor, o que não foi considerado pela perícia. “Desde o primeiro dia, a hipótese do mal súbito estava descartada pelo próprio motorista. Ele foi atendido no hospital Cajuru, ouvido e liberado”, frisa Braga.

O próximo passo agora será a conclusão do inquérito, que atualmente está na Justiça. “Quando o inquérito voltar, vamos apresentar essa documentação para apreciação do Poder Judiciário, que decidirá se o motorista será absolvido ou condenado”, explica o delegado. Antes disso o motorista deverá ser ouvido novamente.

Defesa

De acordo com Valdecir Bolette, diretor financeiro do Sindicato dos Motoristas e Cobradores nas Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), o sindicato vai continuar o trabalho de defesa do motorista.

“Ainda não tivemos acesso ao laudo, mas de qualquer forma vamos defender José Aparecido Alves até que se prove o contrário. Testemunhas viram o que aconteceu. O trabalhador nos disse que o ônibus acelerou, impossibilitando assim a frenagem”, alega.

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