"Eu acho que essa proposta é muito boa para um governo em início de governo que
tenha todas as condições de propor um pacto à nação". A crítica veio do senador
Tasso Jereissati (PSDB-CE), antes de participar do jantar que reuniu, esta noite
na capital federal, governo e oposição, parlamentares e ministros, empresários e
banqueiros.
Tasso acredita que não há condições políticas para que o
governo realize um ajuste fiscal como o proposto pelo deputado Delfim Netto
(PP-SP), que sugeriu a redução a zero do déficit nominal.
"Não existem
condições, não existe credibilidade para uma conversa que realmente tenha
conseqüências. O PSDB apoiaria um aumento do superávit primário desde que haja
condições políticas para isso", afirmou. Segundo ele, "o governo hoje não tem
dado sinais que é capaz de exigir ou pedir qualquer tipo de sacrifício sem que
ele corte a própria carne antes".
A proposta defendida por Delfim Netto é
de significa que o governo gaste somente o que arrecada ? mesmo considerando o
gasto com juros. Atualmente, o governo faz superávit primário ? o que significa
que gasta menos do que arrecada, sem considerar o gasto com juros da dívida.
Mesmo assim, o esforço fiscal não tem sido suficiente para cobrir o gasto com
juros.
Uma hipótese para alcançar a meta é aumentando a Desvinculação de
Receitas da União (DRU) ? que hoje permite investir até 20% do orçamento em
áreas diferentes das determinadas pela Constituição, como educação e saúde. A
hipótese é considerada pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci. "A evolução da
DRU pode ser um instrumento utilizado para compromisso de longo prazo, mas não é
esse o debate, é parte do debate", disse semana passada, após reunião do
Conselho Monetário Nacional (CMN).