A advogada Carla Prinzivalli Cepollina, de 40 anos, pode ter a prisão decretada pela Justiça caso não compareça hoje para ser interrogada no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ela foi intimada para prestar depoimento ao delegado Marco Antonio Olivato e deve ser, em seguida, acusada formalmente pelo assassinato do namorado, o coronel e deputado estadual Ubiratan Guimarães, de 63 anos. Ubiratan foi morto com um tiro no abdome, no dia 9, em seu apartamento nos Jardins, na zona sul da capital.
Segundo a Polícia Civil, após o interrogatório Carla vai ser indiciada por homicídio doloso duplamente qualificado (assassinato cometido por motivo fútil e sem oferecer chance de defesa à vítima). No dia 11, a advogada foi ouvida, informalmente, no DHPP. Depois, prestou dois depoimentos formais. O primeiro, no dia 12, durou 12 horas. O segundo foi realizado no dia seguinte. Em todas as ocasiões Carla se mostrou disposta a cooperar com os policiais e não deu depoimentos contraditórios. Ela alegou não ter tido participação no crime, pois, quando deixou o apartamento, Ubiratan estava vivo, dormindo.
O promotor Luiz Fernando Vaggione acompanha as investigações. Ele disse que, até agora, Carla colaborou com os trabalhos da polícia e por isso não foi necessário pedir sua prisão à Justiça. Uma fonte da Polícia Civil afirmou, no entanto, que, se ela não aparecer para depor e ser indiciada, o Ministério Público Estadual pedirá a decretação de sua prisão.
Vaggione participou do teste acústico realizado anteontem à noite no prédio onde o coronel morava, na Rua José Maria Lisboa, para saber se era ou não possível ouvir, de apartamentos vizinhos, um barulho de disparo de arma de fogo. Peritos consideraram a resposta ao teste positiva.
Na saída do edifício, o promotor concedeu entrevista e reafirmou que Carla é a única suspeita do assassinato do namorado. Indagado se acreditava em uma possível fuga da advogada, Vaggione respondeu: ?Não acredito. Isto seria uma insanidade. Seria como assinar um atestado de culpabilidade. Além disso, ela entregou seu passaporte à polícia e continua colaborando bastante com as investigações?, completou.
A mãe de Carla, a também advogada Liliana Prinzivalli, garantiu que sua filha vai comparecer hoje ao DHPP para prestar novo depoimento. Em entrevista concedida à TV Globo, exibida ontem no Fantástico, Carla reafirmou que é inocente e não existem provas contra ela.
O DHPP chegou a encontrar indícios contra Carla ao confrontar as ligações feitas e recebidas pelo telefone fixo do coronel Ubiratan. Segundo o DHPP, a última ligação para ele foi feita às 20h26 do dia 9 por uma amiga, a delegada da Polícia Federal Renata Azevedo dos Santos Madi. Policiais do DHPP apuraram que Carla ainda estava no apartamento do coronel e atendeu à ligação. Para o DHPP, naquele horário Ubiratan já tinha sido assassinado, porque moradores do prédio declararam à polícia que ouviram o tiro que o matou entre 19 horas e 19h30.