Do futebol brasileiro à NBA (liga de basquete dos Estados Unidos), da Fórmula 1 ao tênis, do boxe ao atletismo, tudo é uma grande banca de jogos, com apostas milionárias feitas com banqueiros, revelou nesta quarta-feira Nagib Fayad, que é conhecido como Gibão e é apontado pela polícia como chefe da máfia do apito.

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Gibão depôs nesta quarta-feira na Comissão de Turismo e Esportes da Câmara dos Deputados, em Brasília, onde falou sobre a máfia do apito. "Errei, mas era jogador compulsivo, viciado. Atualmente não aposto nem R$ 1 num joguinho de caixeta", revelou o empresário.

Nesta quinta-feira, o convidado da Comissão é o vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Ronaldo Carneiro Bastos.

Gibão foi convocado pelo deputado Sílvio Torres (PSDB-SP) para falar sobre seu envolvimento com os ex-árbitros Paulo José Danelon e Edílson Pereira de Carvalho, acusados de manipular resultados de jogos do Campeonato Paulista e do Campeonato Brasileiro.

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O empresário disse que teve ligação com os dois árbitros que ligavam para ele antes de cada jogo que iriam apitar. Mas admitiu que se deu muito mal com Edílson, com o qual perdeu 300 mil em dois jogos.

Na partida entre Corinthians e Santos, foi aconselhado a jogar no Corinthians, mas o Santos venceu. No jogo entre Juventude e Figueirense, apostou no Juventude e o Figueirense goleou. O único jogo em que Gibão se deu bem foi o do Vasco com o Figueirense, vencido pelo primeiro.

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Neste jogo, Edílson chegou a dizer para Gibão, de acordo com gravações feitas pela Polícia Federal: "Pode apostar no Vasco, nem que eu saia de campo algemado". Nesse mesmo jogo, o empresário comentou com um amigo: "Ele (o árbitro) marcou um pênalti escandaloso para o Vasco".

Gibão disse que mesmo nos jogos em que perdeu dinheiro, pagou R$ 10 mil por cada para Edílson, mas parou de responder aos telefonemas do ex-árbitro. "Podem verificar na quebra de meu sigilo telefônico", afirmou aos deputados.

Quanto a Danelon, Gibão afirmou que apostou em três jogos apitados por ele no Campeonato Paulista. Mas, mesmo assim, também perdeu dinheiro. Acabou pagando R$ 30 mil para o árbitro.

Nagib Fayad optou pelo benefício da delação premiada no Ministério Público. Até agora, além dos ex-árbitros de futebol, ele entregou os banqueiros de jogos Leonardo, do Rio de Janeiro, e Armando, de Piracicaba, além de alguns apostadores. E ainda contou detalhes aos promotores de como são feitas as apostas.

Pelo que ele revelou, é algo muito maior do que o imaginado. Funciona com qualquer coisa. Não significa que os resultados sejam manipulados. Mas servem para saciar o vício dos jogadores. "Só nos fins de semana são 400 jogos de futebol no Brasil, na Europa, no Japão. Não importa se é de primeira, de segunda ou de terceira divisão", disse.

Para os viciados, não há risco de crise de abstinência, pois na segunda-feira são feitos os jogos de futebol da Suécia, da Finldândia e da Irlanda. Além do mais, existem anualmente mais de 1,4 mil jogos de basquete dos Estados Unidos, lutas de boxe pelo mundo todo, Fórmula 1 nos domingos – além dos treinos nas sextas e nos sábados, para os quais também há apostas -, atletismo, tênis e uma infinidade de opções.

Gibão contou um detalhe importante: as apostas não são feitas na internet. Eles servem apenas para orientar as cotações. "Nenhum jogador de verdade joga em site, pois eles aceitam até U$ 50. Os jogadores apostam R$ 100 mil, R$ 500 mil, R$ 1 milhão, com banqueiros de jogos, numa relação de confiança em que os acertos de dinheiro são quinzenais", revelou.

Ele explicou que os banqueiros têm contas especiais em que são feitas as ordens de pagamento. Afirmou ainda que o futebol é perigoso para os viciados: "O futebol tem as barbadas. Ninguém resiste."