?O melhor carnaval do Brasil é o de Pernambuco. E a melhor banda é a Nação Zumbi?, disse uma empolgada Talma de Freitas logo após sua breve participação no show que a banda pernambucana fez diante de uma platéia esfuziante, na madrugada deste domingo, no Marco Zero, palco principal do carnaval do Recife.

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Não é difícil concordar com a cantora, que dividiu o título de convidada especial da banda com a maravilhosa cirandeira Lia de Itamaracá e com a roqueira Pitty. E para fazer bonito, os integrantes da Nação subiram ao palco devidamente a caráter. Um ?papangu? Jorge do Peixe puxava os vocais e fazia a galera delirar. O ?mago? Lúcio Maia provou por que é considerado o melhor guitarrista do Brasil. O baterista Pupillo evocou Lampião para mostrar a força de seu talento. Sem contar o baixista Dengue, "uma distinta senhora", com direito a lenço na cabeça e tudo mais.

O carnaval 2007 de Pernambuco marca os cem anos do frevo e os dez anos sem Chico Science, que morreu num acidente de carro no caminho entre Recife e Olinda, no carnaval de 1997. Chico e a Nação Zumbi se firmaram de início como uma das maiores bandas que a música brasileira já teve. Misturando o maracatu, a ciranda, o coco com a guitarra e a bateria, conseguiram provar que o rock brasileiro não morreu, como pode parecer, mas que se mudou para Pernambuco e parece não querer voltar tão cedo para cidades que já dominaram o cenário do rock nacional, como Rio e São Paulo.

O show da Nação era ?só? mais um dentro uma extensa e variada programação que a cidade tem oferecido aos pernambucanos e aos turistas, mas acabou como ?o? show da noite. Estima-se que 400 mil pessoas tenham pulado e cantado ao som de clássicos como Quando a Maré Encher, A Praieira, Manguetown e Macô.

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Contrariando a lógica dos shows da Nação, o desta noite começou no horário marcado, pontualmente à meia-noite. Hoje, Amanhã e Depois, do último disco Futura, abriu os trabalhos da banda. Talma subiu ao palco logo pouco depois, vestindo fantasia de típica dançarina de frevo de sombrinha em punho e com Júlia, a filha do músico Da Lua, no colo, que dividiu a primeira canção com ela e com Du Peixe. O que mais emocionou o público foi ver Lia de Itamaracá, uma entidade da música tradicional pernambucana, embalar a multidão com sua ciranda: ?Esta ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá.? Os presentes atenderam aos pedidos de Du Peixe e abriram a roda da ciranda. Mas foi ao delírio na canção seguinte. Nada menos que A Praieira. Clássico para matar as saudades de Science, para lembrar que ?uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor?. E que a ?revolução é praieira?.

Revolucionária ou não, a roqueira Pitty, que era nitidamente mais aguardada pela platéia, fez a festa da galera. Esbanjou o vozeirão para cantar com a Nação uma versão de Deus lhe Pague e Maracatu Atômico.

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Para terminar, o guitarrista Lúcio Maia fez questão de pedir aos conterrâneos: ?Vamos acabar com as estatísticas de que Recife é uma das capitais mais violentas do Brasil. Vamos nos divertir na paz. E é isso, Recife. Já, já estamos de volta. É só chamar que a gente vem.