Convocado para depor na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o presidente da Gol, Constantino de Oliveira Júnior, viveu nesta quinta-feira (31) momentos constrangedores. Motivo: as barras de cereal distribuídas aos passageiros da companhia aérea, que se transformaram em centro de polêmica da comissão de inquérito criada para investigar o acidente que matou 154 pessoas no ano passado. "Será que não daria para mudar a filosofia da empresa e dar outra coisa que não barrinha de cereal?", indagou o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA).
Educado, Constantino – considerado pela revista norte-americana Forbes um dos homens mais ricos do mundo – sorriu. "Dá para ser umas barrinhas de cupuaçu, que é uma fruta típica do Pará. Podemos servir isso como opção", emendou o democrata. "A barra de cereal faz parte da filosofia da empresa", disse Constantino. E explicou que a Gol não encontrou até hoje outro alimento que não fosse perecível e tivesse valor nutritivo para substituir a barra de cereal.
Não satisfeito, Vic continuou, agora com outra reclamação. Ele contou que sua filha passou uma noite inteira acordada tentando comprar uma passagem de R$ 50 para seu namorado ir a Belém. "Ela não conseguiu comprar a passagem a R$ 50. Eu é que tive comprar uma passagem a preço normal. Mas só de vingança, comprei a passagem pela TAM", disse Vic. Vingança com quem? Com o garoto?" brincou Constantino. Segundo ele, este ano 1,2 milhão de pessoas conseguiram comprar passagens a R$ 50. No ano passado, 1 8 milhão compraram passagens a R$ 1.
Logo no início do depoimento de Constantino, que durou cerca de três horas, o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), quis saber por que o seu vôo de volta para Porto Alegre, todas as quintas-feiras à tarde, vem atrasando quase duas horas. "Por que meu vôo atrasa sempre?", perguntou o petista. "Na Gol parece que é mais evidente o despreparado das pessoas que estão atendendo", comentou o relato.