O reajuste de R$ 50 reais do salário deve aquecer a economia das cidades brasileiras, principalmente em função do impacto desse aumento nas aposentadorias pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

continua após a publicidade

Na avaliação da supervisora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Lilian Marques, principalmente as cidades menores vão ter um equilíbrio entre o que vão pagar a mais de salário para os servidores e o crescimento no consumo. Principalmente porque, nessas cidades, a aposentadoria rural tem grande peso na economia.

Cerca de sete milhões de aposentadorias são rurais no país e a maioria é de beneficiários que moram em pequenas cidades. "A principal fonte de renda de boa parte dos municípios é a aposentadoria, especialmente a rural", observou Lílian.

Ela disse que essa influência aumentou ainda mais depois de 1992, quando pela lei, o valor do benefício passou de meio para um salário mínimo e as trabalhadoras rurais passaram a ter direito a receber aposentadoria. "A previdência antes disso não tinha tanto impacto nesses municípios porque só o chefe de família recebia o benefício. Ou seja, a mulher só recebia se ficasse viúva. Agora, os dois têm direito à aposentadoria. Além disso, o valor era menor", afirmou.

continua após a publicidade

Cálculos do Dieese mostram que os R$ 50 a mais no salário mínimo vão representar mais R$ 350 milhões por mês só com os aposentados da área rural. "E quem paga é o governo federal, não a prefeitura. É uma transferência de renda, uma forma de promover justiça social", avaliou a supervisora do Dieese.

Lílian Marques enfatizou ainda que o impacto do salário mínimo na folha da Previdência Social também não é tão negativo quanto dizem alguns economistas. "A massa de beneficiados que recebe um salário mínimo representa 63% dos aposentados, mas isso em termos de volume de desembolso representa bem menos, 33%. A seguridade social não é deficitária, é superavitária porque tem outras fontes de recolhimento, que não só o pagamento do imposto pelos trabalhadores. Para mim, é fundamental essa vinculação do salário mínimo com os benefícios da previdência, não fazer isso seria uma tragédia em termos de distribuição de renda", disse.

continua após a publicidade