O Zoológico de Curitiba faz aniversário na próxima quarta-feira e tem muito o que comemorar nos seus 25 anos de existência. Além dos mais de 100 nascimentos de animais só no ano passado, o local comemora recorde de visitantes em janeiro: 72 mil pessoas passaram pelo zôo, 30% a mais do que no mesmo período do ano passado. E a procura continua grande, pois o calendário do local já está cheio até o final desse ano.
O diretor do zoológico, Marcos Traad da Silva, acredita que um conjunto de fatores fez com que aumentasse o número de visitantes. ?Mas, a tarifa domingueira e a maior divulgação dos nossos serviços contribuíram mais para isso?, disse. Dentre os nascimentos, o que mais chamou a atenção, segundo Silva, foi o dos três leõezinhos, fato que resultou até em um concurso para dar nome aos bichinhos. Silva também lembrou das 21 jibóias que nasceram depois da união, de seis anos, de duas cobras. Tudo isso, segundo ele, reforça ainda mais a função ambiental do Zoológico de Curitiba, que possui diversos programas para os visitantes.
Uma das atividades de educação ambiental é chamada de ?Uma Noite no Zôo?, quando estudantes da área ambiental podem desenvolver trabalhos de observação de animais peçonhentos. Há, também, as atividades orientadas para crianças de escolas e ainda a zooterapia, que visa levar animais a hospitais e entidades sociais, com o objetivo de auxiliar na recuperação de doentes e pessoas solitárias. ?Temos, também, a reprodução de animais ameaçados de extinção, como o papagaio-de-cara-roxa e o papagaio chaoá?, contou.
Um dos problemas enfrentados esses anos todos pela direção do zôo é o visitante que insiste em alimentar os animais. Segundo Silva, a ação não é recomendada, pois os bichinhos têm dieta balanceada e cada espécie se alimenta com um tipo de comida. ?Sabemos que a intenção das pessoas é boa, mas há animais que recebem dieta especial. Esses dias deram samambaia para a girafa e ela passou mal?, orientou. Outro inconveniente são os visitantes que importunam os animais e os deixam irritados. ?O zoológico é um local de animais fora de seu habitat natural e que não podem ser importunados em hipótese alguma. Há pessoas que jogam pedras nos felinos para vê-los se movimentar, o que é inadmissível?, orientou. O Zoológico de Curitiba possui um Centro de Orientação ao Visitante, reinaugurado no ano passado, mas como o número de pessoas é muito grande, não há como atender a todos.
Cerca de 1.600 animais podem¯ser vistos no Zoô, entre eles aves, répteis e mamíferos. Os que despertam mais curiosidade dos visitantes são os felinos em geral (principalmente os leões), hipopótamos, girafas e chimpanzés. Os que não são comuns na região Sul também são bastante procurados, como o tigre, o leopardo, a onça pintada e o puma. Uma curiosidade é a rara ave migratória mergulhão-de-orelha, que todos os anos visita o Zoológico de Curitiba para buscar alimentos nas cavas do Parque Nacional do Iguaçu. Ela vem da Patagônia. O zoológico ocupa cerca de 530 metros quadrados do parque.
O Zoológico de Curitiba funciona das 8h30 às 17h, de terça à sexta-feira, e das 8h30 às 18h nos fins de semanas e feriados. O local é fechado às segundas-feiras para manutenção e repouso dos animais.O telefone é (41) 3378-1515.
Tratadores são fundamentais para o desenvolvimento dos animais
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São 14 homens que alimentam os animais em todo o zoológico, desde pequenas aves e cobras, até os grandes felinos, entre outros. |
Depois de todo o alimento devidamente picado e preparado para dar aos animais, entram em cena os tratadores. São 14 homens que alimentam os bichinhos em todo o zoológico, desde pequenas aves e cobras, até os grandes felinos (como onças e leões) e os ursos, hipopótamos e girafas, entre outros. Os tratadores passam por um rigoroso treinamento quando são contratados, pois há animais perigosos que precisam de tratamento especial na hora da refeição.
O tratador das onças, Antônio Medeiros, conta que no início tinha medo de entrar nos recintos (os animais são devidamente presos antes do tratador entrar), mas agora já se acostumou e fez amizade com os bichos. ?Eles são fascinantes?, afirma. Medeiros também tem afinidade com os ursos. Segundo o chefe dos tratadores, José Francisco de Jesus (mais conhecido como Tamandaré), os profissionais passam por um treinamento com os biólogos e são encaminhados para as áreas que mais têm afinidade. ?Uma vez ele gostando do animal ele vai cuidar bem dele?, comenta.
Medeiros diz que um dos animais mais perigosos não é felino, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa. Ele explica que os macacos são traiçoeiros e é preciso ter muito cuidado ao alimentá-los. ?Ele é muito traquina?, brinca. Para alimentar as onças, por exemplo, primeiramente Medeiros verifica se todas as portas estão bem fechadas. Depois, ele entra em um corredor ao lado das jaulas e automaticamente o animal já se encaminha para onde ele ficará preso até que se possa depositar o alimento no local. ?Eles já estão acostumados. A onça é perigosa, mas tudo depende do nosso manejo?, diz. Já as harpias (aves) também dão medo nos tratadores. ?Lá, a gente tem que entrar sempre em dois. Um fica cuidando delas e outro trata?, conta. As harpias, assim como os gaviões e as corujas, são aves carnívoras.
Tamandaré trabalha no zoológico desde a inauguração. Os animais já o conhecem muito bem e ele se comunica com eles de uma maneira muito interessante. O macaco que ficou bravo na hora da limpeza de seu recinto, por exemplo, ficou calmo ao ouvir a voz de Tamandaré. A leoa que tem três filhotinhos também se sente à vontade quando ele está por perto. Ele conta fatos que marcaram os seus 25 anos no zoológico, como o leãozinho que se criou só com mamadeira, e o nascimento de uma girafa. ?São coisas que a gente nunca esquece. Eu nunca tinha visto um filhote de girafa na minha vida?, diz ele.
Mas, o que mais o emocionou até hoje foi uma visita feita no Hospital Evangélico, no setor de queimados, dentro do projeto de zooterapia que o zoológico tem. Ele conta que levou um filhote de cobra para os pacientes tocarem (com o objetivo de ajudar no tratamento) e, depois de um ano, voltou ao hospital e encontrou o mesmo paciente. ?Ele lembrou do meu apelido e disse que eu não tinha idéia de como aquele ato ajudou na sua recuperação. Fico emocionado até hoje quando lembro?, diz.
Bichos têm necessidades nutricionais diferentes
Quem visita o Zoológico de Curitiba e vê os animais tranqüilos em seus recintos não imagina o trabalho dos cerca de 14 tratadores, quatro cozinheiros, 21 veterinários, biólogos e agrônomos, sem falar no pessoal da limpeza. Os tratadores e cozinheiros, por exemplo, começam a trabalhar muito cedo, por volta das 7h, pois há animais que fazem a primeira refeição por volta das 8h. Outros comem às 11h e há aqueles que se alimentam duas vezes por dia, em geral os animais com filhotes, o lobo, os ursos, a ariranha, os primatas e os felinos. Na cozinha, os cozinheiros trabalham com cerca de 300 quilos de alimento por dia.
O chefe da cozinha do zoológico, Juarez de Andrade, explica que cada animal tem uma necessidade nutricional e por isso os cozinheiros seguem uma planilha de alimentos a cada dia. São frutas, verduras, legumes, carnes, rações e até iogurte, mel e ovos. O tamanduá e os ursos-de-óculos, por exemplo, têm iogurte, mel e leite na dieta. Segundo ele, o papagaio e os filhotes dão mais trabalho na cozinha, já que é necessário picar as frutas em tamanhos menores. Já os que comem em maior quantidade são os ruminantes, como o hipopótamo e o camelo. ?E cada dia nós seguimos um cardápio diferente para cumprir com todas as necessidades de cada um?, comenta Andrade. José de Oliveira, cozinheiro que trabalha há 15 anos na cozinha do zoológico, maneja facas muito grandes, utilizadas para cortar os alimentos com mais rapidez, com muita destreza. ?A gente vai ganhando agilidade com o tempo?, brinca ele, que conta que também faz comida em casa.
Durante a manhã, também são feitos os serviços de limpeza dos recintos, pequenos consertos, vazamentos e construções novas. Tudo isso necessita o manejo adequado dos animais para que as pessoas possam trabalhar com segurança. Há animais mais ?espirituosos?, que não gostam que entrem em suas ?casas?, como os macacos. Durante a tarde, são feitas vistorias nos recintos para verificar se está tudo organizado.
