A zona do euro considera como certo que a Espanha pedirá “muito em breve” um programa de assistência financeira para conseguir que o Banco Central Europeu (BCE) e o fundo europeu de resgate comprem títulos de sua dívida, embora não antes do fim de mês, disseram à Agência Efe fontes da União Europeia.

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“A sensação generalizada na zona do euro é de que a Espanha pedirá muito em breve a ajuda, mas isso não ocorrerá na reunião de ministros de Finanças” da área da moeda única, que será realizada na próxima sexta-feira em Nicósia (Chipre), afirmaram.

Os 16 parceiros da Espanha na zona do euro consideram que o país “não tem outra alternativa” a não ser pedir um programa de ajuda – completo ou preventivo – aos fundos europeus de resgate, o temporário Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) ou o futuro permanente, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), como exige o Banco Central Europeu (BCE) para intervir no mercado secundário enquanto o FEEF ou o MEE comprem dívida espanhola no primário.

No entanto, as fontes creem que a solicitação não chegará até “finais de setembro”. Tanto em Bruxelas como em Madri, o comentário dos bastidores é de que o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, quer estudar primeiro cuidadosamente o plano anunciado na última quinta-feira pelo presidente do BCE, Mario Draghi, e as condições que seriam impostas à Espanha.

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Embora Rajoy possa fazer o pedido na reunião do Eurogrupo no Chipre, já que esta estará “plenamente dedicada à Espanha e à Grécia”, o relatório da “troika” – formada pela Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o BCE – não ficará pronto a tempo do encontro, afirmaram as fontes consultadas.

Espera-se que o ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos, exponha a situação do país e o parecer do governo sobre o anúncio de Draghi, que, por sua vez, poderá mostrar na próxima sexta-feira diretamente seu plano aos governos da zona do euro.

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Draghi exigiu a participação do FMI na formulação da condicionalidade e na supervisão do programa de ajuda, e a diretora-gerente do órgão, Christine Lagarde, lhe respondeu que a instituição “está pronta para cooperar”.

O governo espanhol disse que se abre um período de reflexão para o qual precisa contar com todos os elementos de julgamento, dos quais ainda não dispõe, já que tem intenção de analisar com calma a conveniência de solicitar ajuda aos fundos de resgate e não dar nenhum passo até debater este assunto no Chipre.

A Comissão Europeia informou na sexta-feira que “não há diferença” entre as condições fixadas pelos líderes da zona do euro na cúpula de junho para a compra de dívida – que foram consideradas suaves – e as que Draghi exige.

Nessa reunião foi decidido utilizar os fundos de resgate “de maneira flexível e eficiente” na hora de comprar títulos da dívida, sempre e quando os países “respeitarem as recomendações específicas por país e seus compromissos”.

Por enquanto, o anúncio do BCE teve um efeito tranquilizador sobre a especulação dos mercados, o que dá tempo ao governo para negociar as condições com Bruxelas e a zona do euro.